Folha de S. Paulo


Correios vão rescindir patrocínio de confederação de esportes aquáticos

Patricia Stavis - 2.jul.2010/Folhapress
SÃO PAULO, SP, BRASIL, 02-07-2010: Coaracy Nunes Filho, da Confederação de Desportos Aquáticos, durante o evento
O ex-presidente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos, Coaracy Nunes

Os Correios anunciaram na noite desta quinta-feira (6) que, em razão da prisão da cúpula da CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos), vão encerrar o contrato de patrocínio com a entidade, que duraria até 2019.

As duas entidades celebravam seguidamente parceria desde 1991 –o que configurava o mais duradouro vínculo do esporte olímpico nacional.

"Parceiros da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos há mais de 20 anos, os Correios lamentam os últimos acontecimentos envolvendo essa entidade. Para a estatal, já havia sido uma decisão difícil reduzir o patrocínio à CBDA em 2016 por questões orçamentárias, uma vez que esse investimento objetiva apoiar atletas de ponta e também implantar projetos sociais pelo Brasil", afirmou a estatal, por meio de nota.

"Agora, em razão do impacto negativo e do desgaste à imagem da empresa, os Correios estão tomando as medidas legais cabíveis e previstas contratualmente para rescindir o atual contrato de patrocínio, cuja vigência seria pelo período 2017/2019", complementou.

No período, os Correios dariam R$ 11,4 milhões para a confederação esportiva, valor bem inferior no compreendido entre 2014 e 2016, de R$ 48,7 milhões –não corrigidos.

O contrato entre as duas partes previa quebra de contrato em caso de "envolvimento ou participação da CBDA, seus dirigentes ou representantes em atos não condizentes com a postura desportiva ou que tragam prejuízo à imagem institucional dos Correios".

INVESTIGAÇÃO

A Polícia Federal cumpriu na manhã desta quinta-feira (6) mandados de prisão contra o ex-presidente da CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos), Coaracy Nunes, 78, e outros dirigentes da entidade.

Eles são suspeitos de desviar R$ 40 milhões em recursos. Nunes ficou no comando da entidade de 1998 até março deste ano, se tornando um dos dirigente esportivos brasileiros há mais tempo no cargo.

Além dele, há mandados de prisão contra Ricardo de Moura (superintendente), Ricardo Cabral (consultor do polo aquático) e Sergio Alvarenga (diretor financeiro). Outras duas pessoas foram conduzidas coercitivamente a unidades da PF em São Paulo e no Rio de Janeiro.

Em entrevista sobre a operação, Thaméa Danelon Valiengo, procuradora do Ministério Público Federal de São Paulo, disse que o patrocínio dos Correios à confederação também é objeto de investigação.

"Os Correios são uma empresa pública federal. Há pouco tempo foi divulgado que estão passando por uma crise financeira grande, fechando o último ano com prejuízo na casa de R$ 2 bilhões. Mesmo assim, continuaram usando dinheiro público para patrocinar uma federação. Ao longo de 11 anos, está na contabilidade que os Correios forneceram mais de R$ 62 milhões para a confederação. Neste ano, ao invés de investir nos atletas, que devem ser destinatários das verbas públicas federais, os Correios cancelaram o patrocínio da única atleta medalhista na Olimpíada, a Poliana Okimoto, mas por outro lado autorizaram um patrocínio para a CBDA de R$ 11 milhões. Já foi instaurada uma outra investigação para apurar o porquê o cancelamento do [patrocínio da] esportista e o pagamento para uma confederação que está em meio a uma investigação e tem indícios de irregularidades", disse.


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