Folha de S. Paulo


Após assassinato, Mancha Alvi Verde diz que diretoria atual renunciará

Edison Temoteo/Futura Press/Folhapress
Carro onde Moacir Bianchi foi encontrado morto
Carro onde Moacir Bianchi foi encontrado morto

A torcida organizada Mancha Alvi Verde anunciou nesta sexta-feira (10) que os membros da atual diretoria da entidade renunciarão a seus cargos e fala em "ressurgimento" da entidade. A decisão acontece após o assassinato de um dos fundadores da Mancha, Moacir Bianchi, que recebeu 22 tiros na quinta-feira (2). A Polícia Civil suspeita do envolvimento de membro da Mancha no crime.

"Informamos que a atual diretoria da Mancha Alvi Verde se comprometeu a assinar a renuncia de seus cargos. Diante de tudo que esta acontecendo, é evidente que não ha outro caminho para o ressurgimento da entidade.
Esperamos que cumpram sua palavra de homem e de fato renunciem", diz a nota.

"Em breve, iremos comunicar o reinício e o seguimento das atividades da nossa torcida, através da nota oficial no site e nas rede sociais. Estamos trabalhando com cautela para que os erros não sejam repetidos, e que voltemos a ser a Mancha de todos, uma torcida forte, presente nos estádios, com representatividade e respeito ao associado", finaliza.

Segundo o "Blog do Marcel Rizzo", quadros mais antigos da Mancha pretendem retomar o controle da uniformizada por meio de um conselho. Na nova estrutura, haveria dois presidentes dentro da Mancha, um para a escola de samba, que em 2017 voltou à elite do Carnaval de São Paulo, e outro para o futebol. Paulo Serdan seguiria como o chefe do samba. Para o futebol, num primeiro momento, será criado um conselho, com cerca de 25 pessoas, integrantes mais antigos que tinham ligações com Bianchi, para tomar as principais decisões na nova estrutura.

A Mancha informou também que neste sábado haverá uma "Passeata da Dignidade" em homenagem a Bianchi, que terá início às 12h e terminará em frente ao Allianz Parque, onde às 16h acontece a partida entre Palmeiras e São Paulo pelo Campeonato Paulista.

O CRIME

Bianchi foi encontrado morto por volta das 4h por policiais na avenida Presidente Wilson, na altura do número 3.100, no bairro do Ipiranga, na zona Sul de São Paulo. Ele recebeu cinco tiros no abdome, cinco no pescoço, três no ombro direito, um no rosto, um no lado direito do tronco, cinco no braço direito, um na perna direita e um na cabeça.

Uma testemunha relatou que quando Bianchi, que estava dirigindo um veículo Honda City, parou no semáforo, outro veículo parou atrás dele. Os suspeitos saíram do carro e fizeram os disparos, fugindo em seguida. O caso está sendo investigado pelo DHPP.

Mancha Verde

HISTÓRICO

Em 1983, Bianchi fundou a Mancha na companhia de 14 outros palmeirenses. Entre eles estava um de seus melhores amigos, Cleofas Sóstenes Dantas da Silva, mais conhecido como Cléo, morto a tiros em 1988 aos 22 anos diante da sede da organizada.

Em entrevista dada ao portal R7 em 2013, Bianchi enumera dezenas de brigas de que participou. Segundo ele, a Mancha ganhou fama por causa dessa violência.

Ele fez parte de alguns dos momentos mais tensos de atividade da organizada: em 1990, quando torcedores destruíram a sala de troféus do clube após eliminação no Paulista; e em 1995, no Pacaembu, quando torcedores do Palmeiras e do São Paulo se enfrentaram na final da Supercopa de Juniores, deixando 102 feridos e um morto.


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