Folha de S. Paulo


Patrocínios de R$ 35 mi exaltados por Leco renderam, na verdade, R$ 22 mi

Entrevista de Leco

A campanha para reeleição de Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, atual presidente do São Paulo, tem como um de seus pilares o aumento dos valores de patrocínio no uniforme da equipe tricolor, de "R$ 0 para R$ 35 milhões".

A maior parte dos valores dessa conta seria referente a um contrato com a Prevent Senior de cerca de R$ 22 milhões. Esse vínculo, no entanto, foi encerrado no início de março e rendeu ao clube somente R$ 9,2 milhões.

Ao todo, os patrocínios teriam rendido R$ 22 milhões e não o valor de R$ 35 milhões propagandeado. A eleição será realizada em abril.

"Retomamos a tranquilidade, a credibilidade, a transparência e a honestidade. Geramos mais de R$ 35 milhões em receita e patrocínio", disse Leco em fevereiro no evento de lançamento da campanha. O clube, contudo, já havia sido notificado em novembro de 2016 de que o contrato não se estenderia até o final de 2017.

A Folha teve acesso ao documento assinado entre o clube e a patrocinadora em junho de 2016, no qual está previsto o pagamento de R$ 8 milhões ao São Paulo até o fim daquele ano. Desse valor, R$ 800 mil ficaram com a empresa Hunter, que intermediou o acordo -em entrevista coletiva, Leco afirmou que não havia intermediários envolvidos (veja no vídeo abaixo, a partir de 14min10s).

"A Prevent pagará ao SPFC a importância de R$ 8 milhões, sendo decrescido do referido valor o montante de R$ 800 mil, a ser destinado à empresa Huntersports, pela intermediação do negócio jurídico. Deste modo, o SPFC receberá o valor de R$ 7,2 milhões", diz o contrato.

O pagamento ao intermediário foi feito pela Prevent, mas o valor foi retirado do total que seria pago ao São Paulo.

O cálculo dos R$ 22 milhões (na verdade, R$ 19,8 milhões se retirados os 10% da Hunter) por parte de Leco se sustenta em cláusula de renovação automática presente no contrato, que estenderia o vínculo até dezembro de 2017.

Esse valor, porém, não está escrito no acordo. A cifra de R$ 22 milhões é resultado de cálculo feito pelo clube (parcelas de R$ 1,14 milhão por mais 12 meses). Em novembro de 2016, no entanto, a Prevent avisou ao São Paulo que não pretendia manter o apoio.

"Em 10 de novembro 2016 a Prevent Senior notificou o SPFC acerca da intenção de não prorrogar o contrato de patrocínio", diz trecho de aditivo assinado em 2017. Esse documento prorrogou o vínculo até março, pelo valor de R$ 2 milhões (a Hunter ficou com outros R$ 228 mil).

O orçamento do São Paulo para 2017 prevê receitas de R$ 44,5 milhões em patrocínios. Sem a Prevent, que contribuiria com cerca de R$ 14 milhões, o valor deve cair para cerca de R$ 30 milhões.

OUTRO LADO

Por meio de sua assessoria de imprensa, o São Paulo disse que a parceria com a Prevent só se encerrou de fato nos últimos dias, e por isso a conta de R$ 35 milhões de Leco persistiu. Além disso, afirmou que sempre deixou claro que havia a participação de uma empresa intermediária que não seria paga pelo clube.

"O aviso da Prevent Senior não encerrou a relação com o São Paulo FC nem as negociações, tanto que o contrato foi renovado e a parceria seguiu até março deste 2017. Novas conversas se seguiram e só nos últimos dias a empresa confirmou que não continuaria como principal patrocinadora do uniforme. Portanto, o valor mencionado até agora era coerente com a realidade do momento. O clube já tem negociações avançadas com outras empresas para ocupar o espaço na camisa e irá comunicar assim que houver definição", disse.

"O São Paulo FC sempre deixou claro que o clube não pagaria comissão a intermediários. O repasse, conforme disposto em contrato, foi de responsabilidade da Prevent Senior. Conforme publicado inclusive pelo Portal UOL e pelo Diário Lance na data de celebração do acordo, coube à empresa intermediária o recebimento de 10% do valor", completou.


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