Folha de S. Paulo


Pela 1ª vez na Libertadores, rival do Palmeiras já usou uniforme de seleção

Walter Monteros/AFP
Argentina's Atletico Tucuman players celebrate their victory over Colombia's Junior of Barranquilla in their Copa Libertadores football mach at the Jose Fierro stadium in Tucuman, Argentina on February 23, 2017. / AFP PHOTO / Walter Monteros
Jogadores do Atlético Nacional comemoram classificação à fase de grupos da Libertadores

Um clube que nunca conquistou títulos expressivos, com uma torcida apaixonada e barulhenta e jogadores com gana de entrarem para a história. Esse é o cenário que o Palmeiras irá encontrar na Argentina ao enfrentar o Atlético Tucumán, na estreia da fase de grupos da Libertadores, nesta quarta (8), às 21h45.

Sem a badalação de River Plate ou Boca Juniors, clubes de maior torcida na Argentina, o time de San Miguel de Tucumán (1.245 km de Buenos Aires) foi fundado em 1902 e pela primeira vez participa do torneio continental.

Embora seja tradicional, o Atlético disputou apenas duas vezes a primeira divisão do Argentino. O último acesso foi em 2015. Pouco mais dez anos antes, estava na terceira divisão nacional.

Com a 5ª colocação no torneio de 2016, garantiu a vaga na Libertadores deste ano graças à mudança no formato do torneio, que concedeu uma vaga a mais ao país. Esta chegou a estar ameaçada.

O Independiente, maior campeão da Libertadores (sete títulos), terminou na 6ª posição, mas alegou que deveria haver uma partida desempate contra o Tucumán já que as equipes haviam enfrentado adversários diferentes –o campeonato é dividido em dois grupos, com os times se enfrentando apenas dentro dessas chaves.

O pedido foi enviado à AFA (Associação de Futebol Argentino), que negou, confirmando o Atlético Tucumán como o primeiro time da região a disputar um torneio internacional.

Juan Cevallos/AFP
Argentina's Atletico Tucuman celebrates their victory to the next round during their 2017 Copa Libertadores football match at Olimpico Atahualpa stadium in Quito, Ecuador, on February 7, 2017. / AFP PHOTO / JUAN CEVALLOS ORG XMIT: 2685
Com o uniforme da seleção argentina, jogadores do Atlético Tucumán comemoram classificação

VESTINDO A CAMISA

Logo no segundo jogo da Libertadores, pela fase eliminatória, um fato curioso ganhou destaque mundial. Após empatar em casa com o El Nacional, do Equador, o Atlético precisava de uma vitória simples para garantir a vaga na etapa seguinte.

Ao embarcar para Quito, problemas no voo atrasaram em quase três horas a viagem e os materiais esportivos dos jogadores não puderam ser levados no avião.

Como a seleção argentina sub-20 disputava o sul-americano da categoria no país, a saída encontrada foi utilizar o uniforme e equipamentos (chuteiras, caneleiras, etc.) dos compatriotas –a camisa do Atlético Tucumán é semelhante à da seleção.

Mesmo após o ônibus que levou a delegação do aeroporto ao estádio Olímpico de Atahualpa registrar 150 km/h, o duelo começou com 1h30 de atraso. Em campo, com o uniforme da seleção e algumas chuteiras menores do que os pés, o Tucumán venceu por 1 a 0 e avançou.

"Ainda não ganhamos nada e nos falta um longo caminho a percorrer. Temos que fazer com serenidade tudo que vier", afirmou o atacante Fernando Zampedri.

Após a vitória em Quito, o clube desbancou o Júnior Barranquilla (COL) para garantir uma das vagas na fase de grupos.

"Eles [jogadores] foram recebidos como heróis quando chegaram da Colômbia. Eles são um sucesso para a região", disse à Folha o jornalista Cristian Castrillón, do jornal argentino "Clarín".

Sem estrelas e com salários modestos, o Atlético Tucumán aposta suas fichas na força da torcida para surpreender o Palmeiras.

Fanáticos e conhecidos por fazer uma grande festa antes, durante e depois de cada confronto, os torcedores transformam o estádio Monumental José Fierro, com capacidade para 35 mil pessoas, em um grande caldeirão.

"O jogo em Tucumán vai ser importante, porque é um estádio pequeno, a arquibancada fica muito perto do campo. Acho que vai ser muito difícil para o Palmeiras porque a torcida vai fazer sentir a pressão", finalizou Castrillón.


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