Folha de S. Paulo


Atacante estrangeiro vira moda entre os times do Brasileiro

Robson Ventura/Folhapress
Borja comemora seu gol marcado na vitória do Palmeiras sobre a Ferroviária
Borja comemora seu gol marcado na vitória do Palmeiras sobre a Ferroviária

O baixo valor de mercado, os altos salários e a esperança de se valorizar no Brasil para se lançar à Europa fizeram com que atacantes estrangeiros fossem contratados por clubes brasileiros.

Das 20 equipes que disputarão a Série A do Brasileiro deste ano, oito têm jogadores de outras nacionalidades na posição. São sete sul-americanos (Borja, Pratto, Chavez, Guerrero, Barrios, Ábila e Filigrana), um africano (Joel) e outro turco (Kazin).

A busca por atacantes de área do exterior também ilustra a carência de bons atletas brasileiros no setor que atuem no futebol brasileiro.

"Você contrata jogadores comuns uruguaios ou argentinos por US$ 30 mil ou US$ 40 mil [de salário]. O brasileiro pede US$ 120 mil", afirmou o diretor de futebol do Grêmio, Odorico Roman.

Roman foi o responsável pela negociação do paraguaio Lucas Barrios, 32, que deixou o Palmeiras, onde jogava desde 2015, para defender as cores do clube gaúcho.

Já veterano, Barrios tem pouca perspectiva de retornar para o futebol europeu.

No Brasil, contudo, ele tem a oportunidade de faturar alto. No clube alviverde, os seus vencimentos eram de aproximadamente R$ 1 milhão por mês, montante de difícil obtenção na América do Sul.

"Aqui [Brasil] eles têm um outro patamar financeiro. Vivem em condições muito boas", acrescentou o diretor.

Diferentemente do paraguaio, o colombiano Borja, recentemente contratado pelo Palmeiras, vê o país como uma ponte para se transferir para o Velho Continente.

Destaque do Atlético Nacional na conquista da Copa Libertadores de 2016, ele rejeitou salários milionários da China pelo time paulista.

No sábado (25), estreou pela equipe, e com o pé direito. Quinze minutos após entrar, fez o terceiro gol do Palmeiras na goleada por 4 a 1 sobre a Ferroviária, pelo Estadual.

Gringos no Brasileiro

"O sul-americano tem vontade de vir para o Brasil para se lançar à Europa. O Brasil se tornou uma plataforma para isso. Eles vêm aqui como um planejamento de carreira", analisou o agente de jogadores Marcelo Robalinho.

Em 2013, a CBF aumentou para cinco o limite de jogadores estrangeiros por equipe. Antes, o máximo eram três.

Dos nove atacantes estrangeiros que disputarão o Brasileiro, ao menos cinco são constantemente convocados pelas suas seleções.

Guerrero, do Flamengo, é ídolo no time do Peru, da qual é capitão da seleção desde o segundo semestre de 2016.

Outro que ganhou destaque no país após um bom desempenho pelo Atlético-MG foi Lucas Pratto. Contratado pelo São Paulo, que já conta com Chavez, o jogador virou titular da seleção argentina ao deixar Higuaín, da Juventus, no banco de reservas.

REFLEXO

A falta de bons centroavantes tem impactado até no dia a dia da seleção. Em sua segunda passagem, Dunga costumava escalar Ricardo Oliveira, 36, como seu titular.

Assim que assumiu a seleção brasileira, Tite convocou e cacifou Gabriel Jesus, 19, que virou um alento na posição, mas já deixou o país. Porém, nos jogos pelas eliminatórias da Copa de 2018 contra Uruguai e Paraguai, respectivamente em 23 e 28 de março, a escassez bate à parte.

Tite já sinalizou a possibilidade de chamar Firmino, do Liverpool, e Diego Souza, do Sport, que não atua na posição, para substituir Jesus, lesionado –ele só deverá retornar aos gramados em abril.

DESTAQUES

BORJA, 24
Destaque do Atlético Nacional na campanha do título da Copa Libertadores-16, o atacante colombiano chegou como esperança de gols para a equipe alviverde. O clube teve a ajuda deu seu patrocinador, a Crefisa, para contratar o jogador. A empresa pagou R$ 32,8 milhões por 70% dos direitos econômicos do atleta de 24 anos

PRATTO, 28
O São Paulo gastou quase R$ 21 milhões por 50% dos direitos econômicos do atacante que estava no Atlético-MG. O jogador é titular da seleção argentina

KAZIN, 30
O Corinthians pagou uma multa de aproximadamente R$ 1 milhão ao Coritiba para contratar o atacante inglês naturalizado turco. Ele assinou acordo por duas temporadas


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