Folha de S. Paulo


Parecidos e pressionados, técnicos buscam paz no centenário do dérbi

Se o dérbi tem tantos anos de história, dois de seus protagonistas nesta quarta-feira (22) destoam pela juventude. Na partida que marca 100 anos de disputas entre Corinthians e Palmeiras –ou entre Palmeiras e Corinthians, claro–, Fábio Carille, 43, e Eduardo Baptista, 44, serão os treinadores das equipes no primeiro dérbi de suas vidas. E eles chegam à partida em condições bastante similares: ambos necessitam da vitória para terem tranquilidade.

De saída, Carille e Baptista não eram as primeiras opções de treinadores de suas agremiações. O Corinthians sondou Jair Ventura, do Botafogo, e Guto Ferreira, do Bahia, mas não teve sucesso nas tratativas. Carille já havia sido preterido pelo presidente Roberto de Andrade, que o devolveu ao cargo de auxiliar para contratar Oswaldo de Oliveira. Antes disso, Andrade prometera a Carille que ele seria o técnico principal.
No caso do Palmeiras, já havia acerto verbal entre o diretor de futebol Alexandre Mattos e o técnico Roger Machado para substituir Cuca.

No entanto, a demora para renovação do contrato de Mattos no começo de dezembro deu espaço para que o Atlético-MG se adiantasse e fechasse acordo com Roger. Mano Menezes também foi sondado pelo Palmeiras, mas as conversas não avançaram.

Os poucos anos de carreira como treinadores geraram desconfiança de parte dos torcedores, especialmente dos grupos organizados.

No caso de Baptista, os ataques foram direcionados. Durante a vitória por 2 a 0 sobre o São Bernardo, na quinta-feira (16), membros da organizada Mancha Alvi Verde cantaram: "ô, Eduardo, preste atenção, nossa torcida quer gritar 'é campeão'", além de repetirem o nome de Cuca.

Para Carille, membros de organizadas bradaram em tom de ameaça "é quarta-feira", fazendo referência ao dérbi, e "se não ganhar, o pau vai quebrar", durante a vitória por 1 a 0 sobre o Audax, pelo Paulista, no sábado (18).
Jovens, com currículos breves e pressionados pelas torcidas, Baptista e Carille também se assemelham em suas filosofias táticas. Em entrevistas, eles gostam de repetir os jargões da moda, a começar pelo esquema: o 4-1-4-1, passando pela "compactação", pelas "triangulações" e pelas "saídas de bola com três", ou seja, os dois zagueiros e um volante que recua.

"Gosto da bola no chão, da saída de bola, gosto de dois meias que procuram fazer as triangulações, que fazem as ligações defesa e ataque (...) O 4-1-4-1 é uma disposição melhor pra mim. Eu consigo jogar e marcar bem com um volante só", disse Baptista à Folha.

Assistente de Tite por cinco anos, Carille também tem o vocabulário tático afiado.

"Podem esperar linhas muito organizadas e compactas", afirmou assim que foi anunciado. Durante a Florida Cup, em janeiro, falou da preparação para implantar o esquema de jogo preferido.

"Plano A vai ser um 4-1-4-1. Com dois meias, vai ser 4-2-3-1, mas só em ocasiões de jogo".

Com tantas semelhanças, a principal diferença entre eles está no material à mão. Baptista conta com elenco recheado de jogadores badalados. Entre os titulares, nove já foram convocados para as seleções principais de seus países (Prass; Jean, Vitor Hugo, Mina, Zé Roberto, Felipe Melo, Dudu, Guerra, Michel Bastos), e o colombiano Borja ainda será incorporado.

No caso dos titulares do Corinthians, Cássio, Fagner, Balbuena, Rodriguinho, Romero e Jô já representaram as seleções de seus países.

Cem anos do Derbi


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