Folha de S. Paulo


Ainda sob risco no Corinthians, Andrade cede poder a aliados

Avener Prado/Folhapress
SAO PAULO, SP, BRASIL, 20-02-2017: Roberto de Andrade, presidente do Corinthians. Conselho do Corinthians vota o afastamento do presidente do clube, Roberto de Andrade, nesta segunda-feira (20). (Foto: Avener Prado/Folhapress, COTIDIANO) Código do Fotógrafo: 20516 ***EXCLUSIVO FOLHA***
Roberto de Andrade fala após vencer votação no conselho deliberativo

As ameaças de impeachment fizeram o presidente Roberto de Andrade prometer mudar seu estilo de administrar o Corinthians.

As juras foram suficientes para fazê-lo escapar do afastamento na reunião do conselho deliberativo na última segunda (20). Nova votação, que deve acontecer em abril, ainda é uma ameaça à sua presidência. É quando será discutida a aprovação ou não do balanço financeiro do ano passado e a previsão orçamentária para 2017.

"Se ele perder na aprovação do balanço, está fora", disse Herói Vicente, conselheiro de oposição.

Andrade era acusado de assinar contratos referentes ao Itaquerão antes de ser assumir o cargo de presidente.

Ele venceu na segunda porque adotou discurso humilde. Em conversas com aliados antes da reunião do conselho deliberativo na segunda (20), prometeu ouvir mais.

"Eu sou vice e não tenho qualquer participação na administração. Já me coloquei à disposição do Roberto várias vezes, mas fui ignorado", afirmou Jorge Kalil, o segundo vice-presidente.

Para conseguir os votos no conselho, ele se comprometeu a preencher todos os cargos no clube que estão vagos e deixar os diretores trabalharem com maior liberdade.

Ouviu queixas, sem contestar, sobre a escolha de Flavio Adauto, no ano passado, para a diretoria de futebol.

Roberto de Andrade prometeu delegar mais poderes. Nos meses anteriores à votação, ele se recusou a receber ex-dirigentes do clube e conselheiros aliados em sua sala no Parque São Jorge. Nas últimas semanas, o cenário se inverteu. Ele procurou as mesmas pessoas para pedir apoio e ouvir as demandas.

Correligionários que ajudaram a elegê-lo há dois anos reclamaram que o presidente não confia em ninguém. Ele disse que mudaria. Deu sinal disso na entrevista que concedeu minutos após o conselho rejeitar a admissibilidade do mérito do pedido de impeachment.

"Tenho satisfação em ouvir quem quer o bem do clube. Sozinho, ninguém conquista nada. Qualquer ajuda que será bem-vinda a partir de agora", afirmou.

De todos os pedidos que ouviu, não disse não a nenhum para garantir que, pelo menos por enquanto, o impeachment fosse derrotado.

Os próximos dois meses serão, para os fiadores do acordo que manteve Roberto de Andrade, um termômetro da disposição do presidente em cumprir o combinado.

Embora tenham se manifestado publicamente contra o impeachment, líderes da "Renovação e Transparência", que administra o Corinthians desde 2007, não vão longe na defesa de Andrade.

Na saída da reunião de segunda-feira, o ex-presidente Andrés Sanchez foi cobrado por torcedores sobre os problemas do clube.

"Vai no 5º andar reclamar. Não sou presidente há cinco anos (sic)", disse Sanchez, que deixou o cargo em 2011.

É no 5º andar do Parque São Jorge que fica o escritório da presidência.

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