Folha de S. Paulo


Custo de R$ 20 milhões deve barrar árbitro de vídeo no Brasil em 2017

Rivaldo Gomes/Folhapress
SAO PAULO, SP, BRASIL, 22-10-2016 - CAMPEONATO BRASILEIRO DE FUTEBOL SERIE A - 16:06:20 - O Sao Paulo joga, no estadio do Morumbi, partida valida pela trigesima segunda rodada do Campeonato Brasileiro de Futebol Serie A, contra a Ponte Preta de Campinas. o juiz da partida, Marcelo de Lima Henrique. (Foto: Rivaldo Gomes/Folhapress, VENCER) ***EXCLUSIVO AGORA *** EMBARGADA PARA VEICULOS ONLINE *** UOL E FOLHA.COM CONSULTAR FOTOGRAFIA DO AGORA *** FOLHAPRESS CONSULTAR FOTOGRAFIA AGORA *** FONES 3224 2169 * 3224 3342 ***
Marcelo de Lima Henrique durante jogo válido pelo Brasileiro-2016

A implantação da tecnologia de vídeo no futebol nacional ficará para a próxima temporada. A CBF (Confederação Brasileira de Futebol) decidiu adiar o uso da tecnologia por considerar o valor inviável financeiramente.
De acordo com a entidade, o sistema custaria aproximadamente R$ 20 milhões somente para arcar com o aspecto operacional, sem contar a remuneração dos envolvidos.

Com a decisão, a CBF vai apostar novamente nos árbitros adicionais, que ficam atrás das traves, para o Campeonato Brasileiro de 2017.

"Nosso objetivo era implantar o árbitro de vídeo neste ano, mas o processo ainda está em fase embrionária e será muito difícil, praticamente impossível. É um sistema que temos que analisar vários aspectos, como o tipo de equipamento ideal. Não pode ser de qualquer forma", disse o Coronel Marcos Marinho, presidente da Comissão Nacional de Arbitragem.

A CBF negocia com cinco empresas a implantação da tecnologia de vídeo, e deseja ter no mínimo oito câmeras à disposição em cada partida.

"Temos que preparar também pessoas para fazer esse trabalho. É necessário que sejam ex-árbitros", afirmou.

Editoria de Arte/Folhapress
Mudança na arbitragem
Mudança na arbitragem

De acordo com Marinho, dois testes já foram feitos na Granja Comary com as categorias de base da seleção brasileira. Um deles foi o treino da equipe sub-17 e contou com o trio de arbitragem formado pelo árbitro Marcelo de Lima e os assistentes Dibert Pedrosa e Lilian Fernandes. O manuseio foi feito pelo ex-árbitro Manoel Serapião.

A entidade ainda planeja fazer testes na Copa do Brasil sub-17 e sub-20 e até no Campeonato Brasileiro feminino, que começa em março.

A opção pelo retorno dos adicionais foi definida após uma análise feita pela comissão de arbitragem. A solução dos dois juízes foi utilizada no Nacional entre 2012 e 2014, mas depois foi abolida. A intenção da entidade é aproveitá-los também a partir das oitavas da Copa do Brasil.

"Chegamos à conclusão de que os dois assistentes ajudam bastante quando estão bem treinados. Os árbitros aprovaram a utilização até porque não teremos a possibilidade da utilização do vídeo", afirmou Marinho.

Árbitros ouvidos pela Folha aprovaram a medida, mas com algumas ressalvas.

"É muito válida a utilização dos adicionais, já que são mais quatro olhos. Só são necessários alguns ajustes, como a utilização de árbitros experientes e equipes de arbitragem fixas", disse o baiano Jailson Macedo Freitas, 46.

Já para o carioca Marcelo de Lima Henrique, 45, ex-árbitro Fifa, é imprescindível que as "equipes de arbitragem sejam fixas para ter afinidade. Não é possível conhecê-lo [o adicional] na hora do jogo", apontou.

Marinho assegurou que as equipes de arbitragem serão fixas. Ele também afirmou que os três melhores "sextetos" —árbitro, assistentes, adicionais e o quarto árbitro— da rodada receberão um bônus de 40% a 50% na remuneração.

A melhor equipe de arbitragem no final do Brasileiro vai dividir uma premiação de R$ 500 mil.

Reprodução
Bola quica dentro do gol após cobrança de falta de Douglas, do Vasco, em clássico contra o Flamengo, no Maracanã; a arbitragem não validou o gol
Bola quica dentro do gol após cobrança de falta de Douglas, do Vasco, e árbitro não vê

SAIBA MAIS

Aprovada pela Comissão Nacional de Arbitragem, a utilização dos árbitros adicionais já provocou confusão em alguns jogos.

Duas aconteceram no Estadual do Rio. Em 2014, o meia Douglas, ex-Vasco e atualmente no Grêmio, marcou um gol de falta durante duelo contra o Flamengo. A bola ultrapassou mais de 30 cm a linha do gol, mas o adicional Rodrigo Castanheira, que estava de frente, não viu.

Neste ano, o Botafogo venceu o Macaé com um gol irregular aos 52 minutos do segundo tempo. O adicional Leandro Newley não viu a bola sair pela linha de fundo. Na jogada, Guilherme cruzou e Vinícius Tanque marcou.

O Estadual do Rio foi o primeiro que utilizou os dois árbitros atrás do gol —em 2008.


Endereço da página:

Links no texto: