Esqueçamos Tom Brady por um momento. Precisamos falar sobre Matt Ryan. Jogador da mesma posição e rival neste domingo (5), ele pode mudar de status se conduzir o Atlanta Falcons à conquista inédita do Super Bowl diante do bicho-papão New England Patriots. A diferença é gigante: enquanto o time de Brady tenta seu quinto título, todos neste século, o adversário faz apenas sua segunda final.
Considerado promissor desde os tempos de universitário, Ryan, 31, cresceu admirando Brady bem de perto, no Boston College, próximo ao estádio do New England, em Foxborough, a cerca de 60 km de distância Boston.
Ao contrário do quarterback dos Patriots, o atleta dos Falcons foi selecionado para a NFL na primeira rodada do "draft" (onde os melhores universitários são contratados pelas franquias), na terceira posição. Brady foi apenas a 199ª opção em seu ano de seleção, na sexta rodada.
Até por isso, Ryan já chegou para ser titular em seu ano de calouro na NFL, em 2008, quando Brady já era tricampeão da liga. Seu estilo de jogo se assemelha ao do rival em muitos aspectos. Assim como ele, o quarterback de Atlanta é de pouca mobilidade e não é de correr muito com a bola.
Em compensação faz passes precisos em média e longa distância, com paciência para aguardar o momento certo de fazer o lançamento.
"Acho que qualquer quarterback que joga na liga tenta imitar alguma coisa de Tom Brady", enalteceu Matt Ryan durante uma entrevista na semana que antecede o Super Bowl, em Houston.
"A coisa mais impressionante é a consistência dele [Brady] ao longo dos anos. Ele trabalha duro e é incrivelmente comprometido a ser grande e isso são coisas que eu tenho que fazer também", completou.
Nesta temporada, com um novo coordenador ofensivo, Ryan liderou os Falcons como o time de melhor ataque, com 33,8 pontos por jogo (os Patriots ficaram em terceiro, com 27,6, atrás também do New Orleans Saints, com 29,3 pontos). O jogador do Atlanta também esteve entre os que mais lançaram para touchdowns, com 38, dois a menos que o líder Aaron Rodgers, do Green Bay Packers.
Brady fez 28 lançamentos. Mas jogou quatro partidas a menos, pois cumpriu suspensão no começo da temporada. O jogador do Patriots foi punido após ser acusado de participar de uma violação de regras em 2015, quando ele e e funcionários do clube esvaziaram bolas para ter vantagens em confrontos da NFL.
HOMEM DE GELO
Apelidado de Matt Ice ("gelo") por sua frieza em campo, Ryan é o favorito ao prêmio de MVP (melhor jogador) da temporada, que será anunciado neste sábado (4). Se for eleito, terá de mostrar frieza para reverter uma estatística desfavorável: desde 1999, com Kurt Warner e o St. Louis Rams, o MVP do ano não leva o Super Bowl. Essa nem Tom Brady conseguiu.