Folha de S. Paulo


Com Maracanã fechado, camelôs criam ponto turístico próximo ao estádio

Ricardo Borges/Folhapress
O argentino Carlos Molinas (dir.) negocia com turista em frente à estátua do Bellini, perto do Maracanã
O argentino Carlos Molinas (dir.) negocia com turista em frente à estátua do Bellini, perto do Maracanã

A estátua do Bellini, próxima da principal entrada do estádio do Maracanã, virou ponto turístico improvisado para visitantes frustrados.

Proibidos de entrar no estádio por causa doimpasse travado na Justiça pelos administradores da arena com o governo, turistas desavisados são obrigados a se contentar com uma foto em frente ao monumento.

Desde fevereiro, um mês antes do Maracanã ser transferido para o comitê organizador da Rio-2016, a visitação ao local está fechada.

O ponto turístico improvisado na estátua do ex-capitão da seleção brasileira com a taça da Copa de 1958 já atrai camelôs. Eles oferecem de água a uma réplica da taça levantada pela Alemanha no estádio após a final da Copa de 2014. O troféu de espuma é alugado por R$ 5.

O argentino Carlos Molina, 56, foi um dos que "montou" o seu negócio lá no fim de 2016. Além de alugar a taça, ele tira fotos dos visitantes.

"Fico triste com essa situação. A única coisa boa é que consigo um dinheiro", disse o fotógrafo, que chegou ao Rio antes do início da Copa de 2014 e decidiu ficar por aqui.

Até um "artista da bola" faz um show improvisado de embaixadinhas no local. Por volta das 11h30 de terça (17), Márcio Ferreira, 52, que se apresenta como "o Pelé do Maraca", tentava entreter os turistas sob o calor de 40°C.

"Isso [Maracanã fechado] é uma vergonha. Estou desolada", disse a francesa Tracy Racero, 25, após tirar uma foto com a réplica da Taça Fifa.

"Como os turistas não conseguem entrar, esse ponto turístico improvisado está bombando. Os gringos ficam tristes, mas pelo menos conseguem sair daqui com uma lembrança", diz Ferreira.

IMPASSE

Em dezembro, os organizadores dos Jogos entregaram o Maracanã para o governo. Desde então, o estádio ficou praticamente abandonado.

Principal acionista da concessionária que administra o Maracanã, a Odebrecht já havia anunciado que não queria mais administrar a arena.

Em outubro, a empresa entrou com um pedido de arbitragem na FGV (Fundação Getúlio Vargas) para devolver o espaço ao governo, que enfrenta grave crise financeira.

Sem um administrador, o estádio foi furtado várias vezes na última semana e encontra-se em péssimo estado de conservação.

Na sexta-feira (13), a Justiça do Rio determinou que a Odebrecht voltasse a administrar o estádio até o resultado da arbitragem.


Endereço da página:

Links no texto: