Folha de S. Paulo


Órgão da Fifa investiga ausências de Marco Polo Del Nero na Conmebol

A câmara de investigação do Comitê de Ética da Fifa apura uma suspeita de descumprimento do estatuto da Conmebol, confederação sul-americana de futebol, pelo presidente da CBF, Marco Polo Del Nero. O cartola não viaja desde 2015 e faltou a reuniões do comitê executivo da confederação continental.

Segundo a investigação, o brasileiro estaria descumprindo o estatuto ao não participar dos encontros como representante da CBF.

À Folha, a Câmara de investigação da Fifa confirmou a existência de processos contra o presidente da CBF.

"Para proteger nossas investigações não podemos comentar detalhes como conteúdo das denúncias, nem possíveis sanções", informou a entidade em comunicado.

A denúncia contra o brasileiro foi feita no final de 2016. Em outubro, a Folha revelou que a Conmebol havia alterado um artigo do seu estatuto abrindo brecha para a ausência do atual presidente da CBF nas reuniões do conselho executivo da entidade sul-americana. Os encontros são quase sempre realizados na sede da confederação, em Assunção, no Paraguai.

Na nova edição do estatuto, lançada em setembro, foi excluída a previsão de punição a dirigentes que não compareçam a reuniões do Conselho da Conmebol -como o comitê executivo foi rebatizado- e incluída a possibilidade de o presidente ser substituído por um representante.

O conselho é o principal órgão administrativo da Conmebol. Ele é responsável por decisões como definir as regras dos torneios, escolher datas de competições e adotar medidas disciplinares.

Mesmo com a mudança, Del Nero descumpre outro ponto do estatuto ao não ir às reuniões da confederação.

O documento diz que o presidente, os vice-presidentes e os diretores membros do Conselho da Conmebol, que totalizam dez cargos representando as federações, "correspondem aos presidentes das associações membros".

A CBF tem enviado o atual presidente da Federação Paulista de Futebol, Reinaldo Carneiro Bastos. Ele substitui Del Nero nas reuniões desde o início de 2016, antes mesmo de o novo estatuto entrar em vigor. Todas as outras confederações sul-americanas têm como representantes seus respectivos presidentes.

Del Nero afirma que não deixa o país por "segurança jurídica" e não informa se voltará a viajar para o exterior até o final do seu mandato na presidência, em 2018.

Ele não faz viagens internacionais desde a prisão de dirigentes ligados à Fifa por autoridades americanas, entre eles o ex-presidente da CBF José Maria Marin, na Suíça, em maio de 2015. Atualmente, o cartola cumpre prisão domiciliar em Nova York.

A suspeita de descumprimento do estatuto da Conmebol, que pode levar Del Nero a ser suspenso de todas as atividades relacionadas ao futebol, não é a primeira investigação em curso contra ele no órgão da Fifa. Em dezembro de 2015, ele virou alvo de outra investigação após ser indiciado pelas autoridades dos EUA por recebimento de propina por empresa de marketing na venda de direitos de competições esportivas.


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