Folha de S. Paulo


Por Copa do Mundo inchada, Infantino testa prestígio na Fifa

O presidente da Fifa, Gianni Infantino, pretende dar nesta terça-feira (10) sua principal demostração de força desde que assumiu o cargo.

Ele espera receber o apoio da maioria dos 37 cartolas que integram o Conselho da Fifa para a proposta de aumentar a Copa do Mundo de 2026 de 32 para 48 seleções.

Hábil articulador, o suíço negociou nos últimos meses um acordo para colocar mais 16 países na competição e tentar arrecadar mais.

Ao ampliar o número de participantes, ele agrada a periferia do mundo do futebol, que terá mais chances de disputar o torneio.

Apesar de a nova fórmula de disputa não ser objeto de discussão nesta terça, Infantino já prometeu nos bastidores que o torneio continuaria com um mês de duração. Evitando a oposição de clubes e seleções europeias, que eram contra o aumento do período de disputa da Copa.

No mês passado, em Doha, no Qatar, ele defendeu o gigantismo da Copa alegando que o modelo é "mais inclusivo". Disse também que a ampliação do torneio beneficiará "o desenvolvimento do futebol em todo o mundo".

Outro interesse é financeiro. A Fifa prevê arrecadar US$ 6,5 bilhões (cerca de R$ 22 bilhões) com o novo formato. Como comparação, a Copa da Rússia, em 2018, deve render US$ 5,5 bilhões (aproximadamente R$ 17 bilhões).

Publicamente, a Alemanha é a principal opositora. Reinhard Grindel, chefe da federação local, afirmou que a inclusão de mais equipes poderia "fortalecer o desequilíbrio" entre as equipes.

Entidade que reúne os principais clubes da Europa, o ECA é contra a ampliação da Copa alegando um congestionamento no calendário do futebol mundial, além de expor os atletas a contusões.

"A política e o comércio não devem ser prioridade exclusiva no futebol", afirmou Karl-Heinz Rummenigge, presidente da ECA e craque da seleção alemã nos anos 1980.

Embora o cartola alemão tenha se manifestado, Real Madrid e Barcelona preferiram não tocar no assunto.

Pela proposta de Infantino, a primeira fase da Copa seria disputada em 16 grupos com três equipes. As duas melhores de cada grupo se classificariam para os mata-matas. Assim, o campeão do Mundial entraria em campo sete vezes, mesmo número de jogos da fórmula atual.

ELIMINATÓRIAS

Com a mudança, a América do Sul ganharia mais duas vagas. Teria seis seleções classificadas diretamente nas eliminatórias e o sétimo colocado ainda disputaria uma repescagem. Com apenas dez seleções no continente, o torneio eliminatório perderia a competitividade.

A Europa ficaria com 16 lugares. Já a África, com nove.

Inicialmente, Infantino defendia a Copa com 40 times, porém decidiu inchar ainda mais o torneio, agradando mais aliados e com a perspectiva de maior arrecadação.

Nesta terça, em Zurique, o conselho vai decidir se aprova a proposta de ampliação ou se mantém a fórmula atual, garantida até a Copa do Mundo de 2022, no Qatar.

Se a proposta for aprovada, o que deve acontecer, a Fifa vai estimular que pelo menos dois países se unam em torno de candidaturas para receber o Mundial.

O presidente da Concacaf (que reúne os países da América do Norte, Central e Caribe), Víctor Montagliani, já declarou que pretende viabilizar a candidatura conjunta de México, Canadá e EUA.

Até agora, a Copa do Mundo de 2002 foi a única que teve a organização dividida -Japão e Coreia do Sul.

Com a ampliação, o suíço conseguiria pacificar os ânimos na entidade. Infantino foi eleito em fevereiro, numa votação apertada, com o discurso de moralizar e limpar a Fifa, manchada pela corrupção. Até agora, pouco mudou.

MARADONA

Opositor de Infantino durante a eleição da Fifa, o argentino Diego Maradona mudou de lado e apoiou a proposta do Mundial com 48 equipes. Ele foi a Zurique fazer campanha pela ampliação da Copa.

Logo após o suíço ser eleito, Maradona o chamou de "traidor total".

No dia 28, o argentino recebeu o suíço em sua casa em Dubai, nos Emirados Árabes. Depois do encontro, ele postou em redes sociais uma mensagem de apoio ao torneio inchado.

"Falamos também do Mundial de 48 times, que vai durar o mesmo tempo, e que vai dar a possibilidade a times que nunca sonharam em jogar uma Copa do Mundo. Isso é bom", escreveu Maradona.

Ronaldo também é próximo de Infantino, embora não tenha se manifestado publicamente a favor do aumento do Mundial.

Proposta para a Copa-2026


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