Folha de S. Paulo


Demissão de médicos gera rusga entre presidente Galiotte e vice no Palmeiras

Leonardo Benassatto/Futura Press/Folhapress
SÃO PAULO,SP,07.11.2016:EX-JOGADOR-DUDU-GANHA-BUSTO-HOMENAGEM-PALMEIRAS - O vice-presidente do Palmeiras, Maurício Galiotte durante inauguração do busto do ex-jogador Olegário Tolói de Oliveira, mais conhecido como Dudu, na sede social do Palmeiras, na Barra Funda, região oeste de São Paulo, SP, nesta segunda-feira (7). O ex-jogador é o sexto atleta eternizado pelo clube com um busto no Palestra Itália. (Foto: Leonardo Benassatto/Futura Press/Folhapress) *** PARCEIRO FOLHAPRESS - FOTO COM CUSTO EXTRA E CRÉDITOS OBRIGATÓRIOS ***
O presidente do Palmeiras Mauricio Galiotte

A demissão dos médicos Rubens Sampaio, Vinicius Martins e Otávio Vilhena do Palmeiras na última quinta-feira (5) instalou o primeiro desentendimento entre o atual presidente do clube, Maurício Galiotte, e um de seus vice-presidentes.

Victor Fruges, terceiro vice, é conhecido no Palmeiras como o "vice médico", devido à sua formação (ortopedista) e sua influência nas decisões sobre o tema no clube. Nos últimos anos, ele teve interferência direta na manutenção da equipe médica nas crises mais graves como, por exemplo, durante as seguidas lesões do meia chileno Valdivia; e os resultados positivos em exames antidoping do atacante Alecsandro e do volante Arouca –posteriormente revertidos.

Nesses momentos, o então presidente Paulo Nobre foi pressionado para mudar a equipe médica, mas sempre consultou Fruges, que defendeu a manutenção de Sampaio, Martins e Vilhena.

Sampaio esteve por dois períodos no clube: pela primeira vez, entre 1997 e 2001; e pela segunda, de 2006 até agora. Martins estava no clube desde 1997, ao passo que Vilhena chegou ao Palmeiras em 2000.

Diretor de futebol do clube, Alexandre Mattos pressionou Nobre pela substituição dos médicos algumas vezes, mas não teve sucesso. Na atual gestão, o mineiro tem tido mais margem de manobra, e sua posição –compartilhada por diversos dirigentes internos– foi contemplada pelo presidente do Palmeiras.

Fruges sentiu-se desprestigiado com a decisão pela saída dos médicos, sobre a qual não foi consultado e da qual foi informado apenas minutos antes do anúncio oficial.

Os médicos sentiram-se desvalorizados também por terem sido avisados repentinamente: na terça-feira (3), avaliaram o meia Felipe Melo, nova contratação do clube, e na quinta-feira (5) seriam demitidos. Ao saírem da reunião em que foram comunicados da decisão por suas saídas, o fato já havia se tornado público por meio de uma nota.

A rusga entre Galiotte e Fruges insere-se em crise política mais ampla no clube. O atual presidente foi eleito com apoio de Nobre e de Mustafá Contursi, e encontra-se em cabo de guerra, com os dois ex-presidentes tentando fazer com que suas demandas sejam atendidas. Mais recentemente, a candidatura de Leila Pereira, presidente da Crefisa, tornou-se o núcleo do problema. Nobre quer que a candidatura seja impugnada, ao passo que Contursi é líder da chapa de Leila.

À Folha, Galiotte declarou via assessoria de imprensa que a saída dos médicos é natural e faz parte de processo de reestruturação do Palmeiras.

Fruges estava prestes a entrar em cirurgia quando foi procurado pela reportagem e não quis se pronunciar.

DESPEDIDA

Em seu perfil no Facebook, Rubens Sampaio queixou-se da maneira como foi demitido do Palmeiras.

"Uma nota lacônica e protocolar nos agradeceu e anunciou o fim do meu ciclo de trabalho à frente do DM da S.E. Palmeiras. Em 12 de junho de 2017 eu completaria 20 anos do início dessa jornada.

Saído da residência e da preceptoria do Instituto de Ortopedia e Traumatologia da Faculdade de Medicina da USP, vivi com intensidade a rotina de trabalho do dia a dia num gigante do futebol mundial, meu time de coração desde sempre. Ser médico não é fácil, mas é um prazer, uma bênção para quem curte gente. Ser médico do Palmeiras é isso e um pouco mais. Nesses vinte anos ganhei experiência, confiança e o respeito de atletas, membros das comissões técnicas, funcionários, gestores, diretores, assessores, jornalistas.

Alguns se tornaram bons amigos. A resenha sempre fez bem a minha alma. Convivi lado a lado com alguns ídolos, que de perto são de carne e osso, alguns já aposentados. Vinte anos é tempo... Conheci e aprendi com grandes colegas de outros clubes e participei da evolução da medicina do futebol, incessante, veloz e intrigante. Tive grandes alegrias e grandes decepções. Realizei sonhos. Saio campeão, com a casa em ordem e pela porta da frente. Fui muito feliz."


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