Folha de S. Paulo


São Paulo usa marca no calção por meses, não recebe e perde restaurante

Rubens Cavallari/Folhapress
São Paulo e Internacional pela segunda rodada da serie A do Campeonato Brasileiro 2016 no estádio Cicero Pompeu de Toledo ( Morumbi)
Jogadores do São Paulo lamentam gol do Internacional no Morumbi

Em processo de reequacionamento de suas contas, o São Paulo lamenta contrato de patrocínio firmado em 2016 que, além de não ter trazido receitas para o clube, redundou em prejuízo.

Ao longo de cinco meses, de abril a setembro do ano passado, a rede de alimentação brasileira Rock & Ribs estampou sua marca nos calções do São Paulo. O contrato entre as partes previa também que a empresa assumiria a operação de restaurante no estádio do Morumbi. Ao todo, pagaria R$ 650 mil entre maio e dezembro, pelos calções, e R$ 780 mil mais porcentagens de faturamento de restaurante, referentes ao aluguel ao longo de cinco anos.

No entanto, durante todo o período que divulgou a marca, o clube recebeu apenas duas parcelas dos pagamentos (que deveriam ser mensais) e pede na Justiça o restante dos valores do contrato.

Além disso, o clube ficou com o espaço do restaurante vazio, já que o contrato com o anterior, o Copa, não foi renovado e foi solicitado que os locatários deixassem o espaço, tendo em vista a chegada da Rock & Ribs, que não se concretizou.

Sócio-proprietário do Copa, que teve contrato com o São Paulo ao longo de sete anos, José Roberto Magalhães contranotificou o clube logo depois de receber o pedido para que saísse do local em abril. Segundo ele, já havia acerto com dirigentes do São Paulo para que seu restaurante continuasse no Morumbi.

"Em início de fevereiro de 2016, na reunião com o vice-presidente social do SPFC, sr. Carlos Sadi, para renegociar o valor locativo, fomos instados a contatar as diretorias departamentais, para divulgar o restaurante, e incentivados a implementar as mudanças pretendidas no sistema de serviço e atendimento, dando continuidade às reformas iniciadas em janeiro. Nessa mesma reunião, o próprio vice-presidente chegou mesmo a oferecer para que o Copa assumisse também a operação do 'bar da piscina', diz o texto enviado por Magalhães ao clube.

"Em início de março de 2016, em reunião com o vice-presidente, sr. Roberto Natel, o Copa teve a renovação do contrato de locação absolutamente garantida, ficando pendente apenas e tão somente o pleito para que o valor locativo fosse reduzido", continua.

"Vale dizer, o São Paulo Futebol Clube induziu a erro o Restaurante Copa, aventando uma possível renovação do contrato de locação, incentivando investimentos, mesmo já tendo negociado o espaço do Copa com terceiros", conclui.

Magalhães e seu sócio aceitaram isenção de aluguel por dois meses e se comprometeram a não acionar o clube na Justiça, que era a ideia inicial.

"Com o descumprimento do contrato por parte da Rock&Ribs, não foi possível instalar o novo restaurante no espaço em que estava o anterior. Estamos trabalhando para trazer um parceiro forte, moderno, que atenda torcedor e associado da maneira que merecem. Ainda que vivamos um momento econômico desafiador, há negociações em curso e possibilidade de novidades em breve", diz Vinicius Pinotti, diretor de marketing do clube.

PARCELAS

"O São Paulo nunca estamparia em seu uniforme uma marca que não tivesse pago ao clube. No caso da Rock&Ribs, o São Paulo estampou enquanto houve pagamento. O clube recebeu duas de oito parcelas do pagamento previsto em contrato. Depois das duas primeiras, a empresa não cumpriu o acordo e não houve mais pagamento, e a partir desse momento tiramos a marca do uniforme. A Rock & Ribs propôs diversos acordos, nenhum foi cumprido. O São Paulo entrou com ação de execução do contrato, e a Justiça já determinou que o valor seja pago pela empresa ao clube", completa Pinotti.

Após pagar as duas parcelas, a Rock & Ribs procurou o clube para um acordo para pagar a terceira. O clube aceitou, mas posteriormente não receberia e então ouviria outra oferta de acordo, que também seria rompida pela empresa. Por fim, o clube decidiu parar de estampar a marca nos calções. No contrato, as parcelas de R$ 81.250 referentes ao patrocínio são definidas como "iguais, mensais e sucessivas", o que significa que ao longo de três meses (de um total de cinco) o clube expôs a marca sem receber por tal.


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