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Clubes sofrem com sobe e desce de divisão no Campeonato Brasileiro

Vinnicius Silva/Raw Image/Folhapress
BELO HORIZONTE, MG, 16.11.2016: AMERICA X FLAMENGO: Michael, atacante do América-MG, durante partida entre América-MG e Flamengo, válida pela 35ª rodada do Campeonato Brasileiro 2016, realizada no Estádio Mineirão. (Foto: Vinnicius Silva/Raw Image) *** PARCEIRO FOLHAPRESS - FOTO COM CUSTO EXTRA E CRÉDITOS OBRIGATÓRIOS ***
Michael, atacante do América-MG, que voltou para a Série B do Brasileiro após uma temporada na elite

Subir para a Série A é uma tarefa difícil para muitos clubes, mas lá permanecer virou um desafio ainda maior.

Desde 2003, ano em que a primeira divisão do Brasileiro começou a ser disputada em pontos corridos, aconteceram 46 acessos. De todas as equipes que subiram, 14 caíram no ano seguinte e outras 10 conseguiram permanecer por apenas mais uma temporada antes de também voltarem para a Série B.

Ou seja, mais da metade dos times que conseguem o acesso não permanecem mais de duas temporadas consecutivas na elite.

O Brasileiro de 2016 seguiu a regra, mas de forma ainda mais intensa: das quatro equipes rebaixadas, duas -o América-MG e o Santa Cruz- haviam conquistado o acesso na Série B de 2015 e voltaram para a segunda divisão.

Na outra ponta do espectro, dois times que caíram no ano passado estarão de volta em 2017: Avaí e Vasco.

Essa falta de continuidade atormenta um grupo de clubes que não consegue se firmar na elite, apesar das boas campanhas na Série B.

O Avaí, por exemplo, já trocou de divisão cinco vezes desde 2003, assim como o Sport. Os torcedores baianos também convivem com uma oscilação frequente: o Bahia foi rebaixado duas vezes para a segunda divisão e subiu outras duas; no Vitória, foram três acessos e três descensos para a Série B.

NO BOLSO

Disputar a Série A garante uma quantia considerável de dinheiro, principalmente graças aos contratos de TV. Depois de subir, o Avaí aumentou sua receita de televisão em mais de 800%, de R$ 2,9 milhões para R$ 28 milhões.

Permanecer na primeira divisão, nesse contexto, é importante para o planejamento de longo prazo.

"Só imagino qual é a situação do Figueirense, tudo o que eles vão ter de cortar", diz o presidente do Avaí, José Francisco Battistotti, referindo-se ao rival local, que foi rebaixado em 2016 e deve enfrentar uma redução no seu orçamento para a próxima temporada.

Essa discrepância é um dos reflexos do abismo financeiro que existe entre os clubes mais tradicionais do futebol brasileiro e aqueles que buscam a ascensão.

Em 2015, a receita combinada dos quatro clubes que conseguiram subir para a Série A (Botafogo, Vitória, Santa Cruz e América) foi de cerca de R$ 220 milhões.

A soma, apesar de turbinada pelo clube carioca -que, sozinho, representa R$ 120 milhões do montante- é menor, por exemplo, que os R$ 298 milhões arrecadados pelo Corinthians no mesmo ano.

"Esse desequilíbrio é o problema maior", afirma Battistotti. "Quando você cai, cai muito também financeiramente. Precisaria ter um equilíbrio, para os times conseguirem se reestruturar sem problema de déficit".

Divulgação/Avai FC
01.12.2016 - Zagueiro Betao. Foto Divulgacao/ Avai FC ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
O zagueiro Betão, ex-Corinthians, um dos primeiros reforços do Avaí para a próxima temporada

PLANOS

Em 2017, o Avaí vai jogar a Série A pela quinta vez desde 2003 e tenta evitar uma queda rápida, como em 2015.

O presidente do clube, acredita que a chave para manter a equipe na primeira divisão será a continuidade. Ele pretende manter a base do time que conseguiu o acesso para a temporada de 2017.

"Já renovei com seis atletas que eram o esqueleto do time", afirma Battistotti. "Assim saio em vantagem, porque também não estou trazendo técnico novo e tenho jogadores que o treinador conhece", afirma o dirigente.

Os números corroboram a tese de Battistotti. As equipes que caem logo após subirem de divisão costumam ver um êxodo de jogadores na temporada seguinte ao acesso.

Dos 19 jogadores relacionados pelo Santa Cruz em 2015 para a partida que garantiu o time na Série A do Campeonato Brasileiro, apenas sete continuam no clube.

No América-MG os números são parecidos. Dos 22 jogadores escalados no jogo do acesso, restam apenas oito.

Já o Vitória, que dessa vez conseguiu permanecer na Série A, manteve mais atletas no elenco: ficaram 13 jogadores do time de 2015. Sete deles foram titulares na última partida do campeonato deste ano, contra o Palmeiras.


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