Folha de S. Paulo


Internacional empata e pela primeira vez cai para a Série B do Brasileiro

O Internacional foi rebaixado no Campeonato Brasileiro pela primeira vez em sua história de 107 anos.

O descenso foi decretado neste domingo (11).

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O time gaúcho enfrentou o Fluminense em Edson Passos, no Rio de Janeiro. Precisava de uma vitória, mas só conseguiu ficar no 1 a 1, depois de sair perdendo.

Rivais do Inter na briga para fugir do rebaixamento, Vitória e Sport jogaram em casa na última rodada. O time baiano perdeu para o Palmeiras, por 2 a 1, e encerrou o torneio com dois pontos a mais que os gaúchos. Já os pernambucanos venceram o Figueirense e também escaparam da queda.

O goleiro colorado Danilo Fernandes, que defendeu um pênalti quando o placar ainda estava 0 a 0, se disse envergonhado com a queda.
"Temos que pedir desculpa pelo que apresentamos dentro de campo. Parecia que o empate estava bom. Foi justíssima a queda", afirmou.

Nos 38 jogos do Brasileiro, o Inter fez apenas 43 pontos. No começo do Nacional, no entanto, vindo do hexacampeonato gaúcho, a equipe indicava que poderia escrever uma história diferente.

Nos oito jogos iniciais, foram seis vitórias e uma derrota, e o time chegou a ocupar a liderança por três rodadas.

A partir da nona, porém, iniciou uma impressionante sequência de 14 partidas sem vitórias. Foram nove derrotas no período. Quando acabou o primeiro turno, o time já estava em 14º.

Na zona de rebaixamento pela primeira vez no ano a partir da 22ª rodada, o Inter passou quase todo o segundo turno tentando fugir da Série B. Foram 12 rodadas entre os quatro últimos.

Na última, para escapar teria de fazer o que conseguiu só em duas vezes neste Brasileiro: vencer fora de casa.

A campanha irregular também refletiu no banco de reservas. Durante o campeonato, foram quatro treinadores no comando da equipe.

Argel Fucks iniciou o torneio, mas deu lugar ao ídolo colorado Paulo Roberto Falcão, após uma sequência de seis jogos sem vencer.

Um mês depois de assumir o time e também sem conseguir nenhuma vitória, Falcão foi demitido para dar lugar a Celso Roth, que durou até a 35ª rodada, mas não resistiu a iminência de queda.

Nos últimos três jogos do Brasileiro, o time foi dirigido por Lisca, neto e filho de ex-goleiros do clube.

O rebaixamento encerra uma a década na qual o Inter ganhou seus títulos mais expressivos e foi considerado modelo de gestão.

No ápice deste período, em 2006 conquistou a Libertadores e o Mundial de Clubes. Em 2010, voltou a ser a campeão do continente.

A partir de 2015, o presidente Vitorio Piffero resolveu enxugar os gastos com futebol, baixou a folha salarial, trocando jogadores mais velhos e caros por mais novos, mas não conseguiu promover uma reposição a altura.

"Eu quero pedir desculpas ao torcedor. Errei e errei muito. O grande erro talvez tenha sido deixar um time muito jovem. Mas a culpa não é deles. Vamos no ano que vem trazer o Inter para a Série A", afirmou o cartola, cujo mandato acaba no fim deste ano.

As contratações mais caras do time, Anderson e o uruguaio Nico López, não deram o retorno esperado.

Com o rebaixamento colorado, apenas quatro dos 17 clubes brasileiros que já foram campeões nacionais ainda não caíram para a Série B do torneio: Flamengo, Santos, São Paulo e Cruzeiro.

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SEM TAPETÃO

Após a queda para a Série B, o presidente do Inter, Vitorio Piffero, sinalizou que o clube não vai recorrer ao tapetão para tentar se manter na Série A.

"Estou reconhecendo como justo dentro de campo o rebaixamento. O Internacional vai jogar a Série B do ano que vem com o apoio do seu torcedor e sob nova direção", afirmou Piffero, que no começo de 2017 dará lugar a Marcelo Medeiros, o novo presidente eleito do Inter.

Antes da rodada, o clube entrou com uma ação contra o Vitória no STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva). O time baiano teria escalado irregularmente o zagueiro Victor Ramos e, caso isso se confirmasse, perderia pontos, salvando o Inter.

O caso, no entanto, foi arquivado, e a CBF ainda entrou com uma ação contra o Inter no STJD por apresentar provas falsas.

"Nunca perdi a fé, mas fomos rebaixados. Todas as decisões que tomei foram para o bem do Inter, mas errei", disse Piffero.

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ÚLTIMO GOLPE

Para o Fluminense, sem chances de ir à Libertadores nem risco de cair, o jogo contra o Inter não tinha muita importância.

Havia nove jogos que o time carioca não vencia, e o técnico Marcão escalou o melhor que tinha á disposição.

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No começo da partida, o Inter deu sinais de que poderia fazer a sua parte. Logo aos 2 min o time do técnico Lisca chegou com perigo quando Valdívia recebeu a bola na entrada da área e acertou um chute perigoso.

Depois disso, no entanto, o time gaúcho mostrou apatia, errou muitos passes e não conseguiu impor-se.

O Fluminense, então, passou a dominar do jogo e a chegar mais ao ataque. Gustavo Scarpa obrigou Danilo Fernandes a fazer boa defesa.

Foi o goleiro colorado, inclusive, quem protagonizou o principal lance do primeiro tempo.

Aos 42 min, o meia Alex deslocou Richarlison e cometeu pênalti. Ele próprio bateu para a defesa de Danilo Fernandes, que no intervalo mostrou que nas luvas trazia uma homenagem ao goleiro Danilo, da Chapecoense, que morreu no acidente aéreo que vitimou 71 pessoas em voo do time catarinense.

No intervalo, a combinação de resultados ainda dava esperança aos gaúchos, que só precisavam de um gol para escapar do descenso.

Mas foi a bola rolar para a apatia colorada voltar e o desastre anunciado acontecer. Ainda sem conseguir agredir, o Inter tomou contra-ataques e aos 27 min viu Douglas abrir o placar.

A essa altura torcedores nas arquibancadas já estavam em desespero, muitos aos prantos.

O Inter ainda conseguiu o empate aos 41 min, com um bom chute de Gustavo Ferrareis, mas não foi suficiente.


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