Folha de S. Paulo


Funcionários da LaMia, empresa em que voava a Chapecoense, são presos

O gerente geral da companhia aérea LaMia, Gustavo Vargas, cuja aeronave caiu na Colômbia matando 71 pessoas, entre as quais a delegação da Chapecoense e vários jornalistas brasileiros, foi preso nesta terça (6) junto com outros dois funcionários da empresa, uma secretária e um mecânico, informou o Ministério Público de Santa Cruz.

Vargas foi transferido aos escritórios do Ministério Público Departamental (estadual) de Santa Cruz (leste), onde fica a sede da empresa.

O promotor Iván Quintanilla, membro da comissão que investiga a LaMia, já tinha antecipado mais cedo que emitiu ordem de prisão contra os envolvidos no caso.

"Com fins investigativos, foram presos (além de Vargas) a secretária e o mecânico da empresa. Se há elementos e indícios que podem ser relacionados dentro do presente caso, o Ministério Público aplicará o Código Penal, se não, será ordenada a cessação da detenção", explicou Quintanilla à imprensa, detalhou em seu site o jornal "Los Tiempos".

Nesta terça (6), a Direção Geral de Aeronáutica Civil (DGAC) retirou documentos dos escritórios da LaMia, que estão sob intervenção das autoridades.

A LaMia é investigada por suposta responsabilidade no acidente do avião que caiu em Medellín com 77 pessoas a bordo e deixou 71 mortos e seis sobreviventes.

O próprio Vargas tinha admitido dias antes ao jornal Página Siete que a aeronave, um BA-146 modelo RJ85, deveria ter sido reabastecida na cidade boliviana de Cobija, no extremo norte do país, para prosseguir viagem até a Colômbia.

A Bolívia encontrou indícios de irregularidades no funcionamento e nas operações da LaMia, segundo o ministro de Obras Públicas e Serviços, Milton Claros. Como primeira medida destituiu altos funcionários aeronáuticos.

Uma das principais hipóteses é que a aeronave caiu porque ficou sem combustível antes de chegar ao aeroporto de Rionegro, que atende a Medellín, destino do voo.

A funcionária que aprovou o plano de voo, apesar de supostamente ter observado problemas na quantidade de combustível,pediu refúgio no Brasil.

ENTENDA O ACIDENTE

As pistas até agora explicam a tragédia?
Já há uma hipótese principal, de que o motivo foi uma pane seca, mas, até que as investigações sejam concluídas, o que pode levar meses, não há como saber as causas definitivas.

O controle do tráfego aéreo contribuiu para o acidente?
A operação colombiana não recebeu críticas até o momento. Supostamente, todas as aeronaves tinham condições de voar em círculos, aguardando liberação para o pouso -foi essa a orientação que a torre deu ao piloto.

Estava chovendo no momento da queda?
As informações sobre o tempo na região na noite de segunda (28) mostram que havia chuva fraca. Porém, nuvens de tempestades, comuns nesta época do ano em Medellín, não foram atravessadas pelo avião.

Já encontraram as caixas-pretas?
Sim, elas foram achadas na própria terça-feira (29), em perfeito estado. Mas a abertura, decodificação e análise dos dados exige técnicas minuciosas, por isso podem levar meses.

O que afirma a LaMia?
Que a responsabilidade pela decolagem com combustível insuficiente é das autoridades aeronáuticas e que a empresa "nem tinha os meios" para fazer isso. Também diz que colabora com as investigações.

Tragédia em voo da Chapecoense


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