Folha de S. Paulo


Famílias de jogadores mortos tiveram dificuldades para ir a enterro

Em meio ao sofrimento pela tragédia, familiares de jogadores mortos na queda do avião da Chapecoense tiveram que recorrer ao improviso e até receber ajuda financeira de atletas de outros clubes para bancar despesas envolvendo os sepultamentos.

O meia do Botafogo Camilo, que defendeu a equipe catarinense entre 2014 e 2015, é um dos que prestaram auxílio. Ele pagou R$ 11 mil para fretar um voo que transportou oito familiares de Bruno Rangel do aeroporto de Santos Dumont, no Rio, a Campos dos Goytacazes, no norte do Estado, onde aconteceu o enterro.

De acordo com apuração da Folha, jogadores organizaram um grupo de WhatsApp para bancar a ajuda às famílias das vítimas.

Segundo a assessoria do jogador, Camilo se sensibilizou com a situação dos familiares de Rangel –de quem era próximo. De carro, eles demorariam cerca de 5 horas para ir da capital fluminense a Campos, cidade em que Rangel nasceu.

Depois do velório coletivo na Arena Condá, cada família organizou o enterro no lugar que achou melhor. Todos os corpos foram trasladados até o Rio e depois seguiram para os destinos finais.

Segundo a CBF, foi a Chapecoense que fez toda essa parte da organização.

Na cerimônia na cidade, o presidente em exercício, Ivan Tozzo, pediu mais ajuda financeira para esse tipo de despesa ao presidente da CBF, Marco Polo Del Nero.

De acordo com Walter Feldman, secretário-geral da CBF, Del Nero sinalizou positivamente à solicitação.

"Del Nero se colocou à disposição. Pediu para o presidente Ivan Tozzo mandar os pedidos e CBF vai ajudar", disse à Folha, no domingo (4).

O auxílio funeral da CBF paga R$ 5 mil para as despesas burocráticas.

Familiares do volante Gil também tiveram problemas para seguir de Chapecó para Nova Cruz (RN), onde o corpo do jogador foi sepultado na noite de domingo.

O grupo de 11 familiares e amigos soube ainda no velório em Chapecó que, diferentemente do que havia sido anunciado, eles não receberiam transporte de volta para o Rio Grande do Norte.

Aí deu-se um desencontro de informações até que a Chapecoense pôs os familiares em um ônibus até Curitiba -pois o espaço aéreo de Chapecó estava fechado-, com duração de sete horas, seguidos de um voo até Viracopos e depois outro até Natal.

Os voos, todos da Azul, foram pagos pelo clube. As famílias de Ananias, Arthur Maia, Marcelo e Cléber Santana também usaram esse tipo de transporte.

O diretor jurídico da Chapecoense, Luis Sérgio Grochot, disse desconhecer qualquer dificuldade enfrentada pelas famílias das vítimas.

"Conversamos com a seguradora e nos disseram que ocorreu tudo perfeitamente. Se aconteceu [o pagamento para a família], foi uma atitude isolada do jogador que queria ajudar", disse.

A CBF informou que até o momento ajudou em tudo que lhe foi solicitado e que nenhum pedido para pagamento do transporte das famílias chegou a ela.

Acidente em voo da Chapecoense


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