O zagueiro Demerson, 30, esteve perto de ser chamado para o grupo da Chapecoense que jogaria a final da Copa Sul-Americana em Medellín nesta quarta-feira (30). Ele disputava uma vaga com Rafael Lima e Marcelo, que foi escolhido por Caio Júnior e, assim como o treinador, está entre as vítimas do acidente aéreo que deixou ao menos 71 mortos.
"Eu não vinha sendo relacionado, joguei pouco na temporada, já que o time estava encaixado. Então o Thiego [zagueiro titular e uma das vítimas] levou cartão amarelo e não poderia jogar contra o Palmeiras no último domingo (27). Conversamos com a comissão técnica, que disse que aquele que jogasse contra o Palmeiras viajaria para a Colômbia. O Caio então escolheu o Marcelo", conta Demerson, que foi ainda de madrugada para o estádio da Chapecoense, a Arena Condá, em busca de notícias.
"Ontem à noite, mandei áudio por WhatsApp para o Bruno Rangel [atacante e uma das vítimas] desejando boa viagem e boa sorte. Apareceu que a mensagem não tinha sido entregue. Passaram algumas horas, já era meia-noite aqui, olhei e a mensagem ainda não tinha sido entregue. Achei estranho, comentei com a minha mulher, disse 'ué, será que eles ainda não chegaram?'. Dormi e acordei às quatro da manhã, com meu filho chorando. Ele tem dois anos, a mesma idade do filho Bruno. Peguei o celular, fui ver que horas eram e então vi centenas de mensagens. Troquei de roupa e fui direto à Arena Condá. Ainda não caiu a ficha", diz o zagueiro, inconformado e aos prantos.
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"Vivíamos um momento tão maravilhoso, conseguimos esse feito [chegar na final da Sul-Americana]. Um clima muito gostoso. É uma coisa inacreditável. Vejo as imagens na TV, as legendas que falam dos jogadores da Chapecoense, e somos nós, sou eu também. Aquelas pessoas nas imagens não estarão mais no dia a dia comigo trabalhando, brincando", completa.
O futuro do jogador e do clube estão em suspenso, e as definições não são uma preocupação na cabeça de Demerson hoje.
"Vamos ter que juntar os cacos. O clube vai ter que ser totalmente reestruturado. Os diretores de futebol e o presidente estavam no voo, não só os jogadores. O que nos resta é orar e confortar os familiares. Nossa, penso nas mães de família, meu sofrimento não chega a 5% do delas. É muito difícil. Eu oro, peço a Deus que ninguém do voo tenha sofrido", conclui o jogador.