O Comitê Organizador dos Jogos do Rio apura irregularidade na contratação de uma consultora ligada ao gerente de seu departamento antidoping, Eduardo De Rose.
A diretoria de compliance da entidade (cuida do cumprimento de leis e regulamentos externos e internos) questiona o contrato 105/2016 firmado pelo comitê.
Nele, está registrado acerto para que Cristianne de Rose Laforce atue como consultora autônoma para prestação de serviços de gerente de estação de doping durante o evento-teste de saltos ornamentais, no período entre 21 e 25 de fevereiro deste ano.
Cristianne é irmã de De Rose, que além de ser o responsável pelo antidoping na Rio-2016 é tido como um dos principais especialistas do país.
O evento-teste foi realizado no Parque Aquático Maria Lenk entre 19 e 24 de fevereiro, valeu como etapa da Copa do Mundo da modalidade pela Fina (Federação Internacional de Natação) e foi um dos poucos que tiveram venda de ingresso ao público.
O valor do contrato da consultora girou em torno de R$ 5 mil, segundo Mario Andrada, diretor de comunicação do Comitê Rio-2016.
Para a direção de compliance, a contratação de Cristianne poderia indicar favorecimento e representar uma "não conformidade" -segundo a política do comitê, "ocorrências que não atendem a um requisito normativo, legal ou contratual, ou de maior gravidade que impactem (...) no desempenho".
De acordo com a assessoria de comunicação do Rio-2016, o caso é "grave" e Cristianne "não devia ser contratada", mas é improvável que haja ação corretiva.
"Como [a contratação] foi para um evento, de baixo valor, não acho que haverá maior consequência. A Rio-2016 teve mais de cem mil pessoas contratadas. Mas compliance vai terminar de fazer a pesquisa sobre o contrato", afirmou Andrada.
O departamento contra irregularidades foi criado no início de 2015 e, até dois meses antes da realização dos Jogos do Rio, havia identificado mais de cem infrações nas 33 áreas do comitê.
A Folha tentou entrar em contato com Eduardo de Rose, mas não obteve resposta.