Folha de S. Paulo


Após punir CBF duas vezes, Fifa não vê gritos homofóbicos contra Argentina

A Fifa avaliou que nenhum grito discriminatório foi ouvido no Mineirão na partida entre Brasil e Argentina no Mineirão, em novembro, e por isso a CBF não será punida desta vez. Devido à rivalidade entre as equipes, havia temor em relação às manifestações dos torcedores.

Por ter sido multada duas vezes nos últimos meses por gritos homofóbicos durante jogos das eliminatórias da Copa de 2018, existia o receio de punições mais drásticas, como a que já aconteceu com a Federação Chilena, sancionada sete vezes. Caso mais extremo, os chilenos foram proibidos de mandarem uma de suas partidas no estádio Nacional.

Por gritos de "bicha" durante os tiros de meta nas partidas contra Colômbia, em Manaus, e Bolívia, em Natal, a CBF já recebeu multas nos valores de R$ 66 mil e R$ 83 mil, além de uma advertência.

Durante a partida no Mineirão, o painel eletrônico exibiu mensagem que visava coibir manifestações preconceituosas.

"Atenção, torcedor brasileiro. Vamos celebrar o respeito entre os povos. Nesta noite, os argentinos são apenas os nossos adversários. Vamos respeitar os jogadores e todos os membros da comissão técnica. Qualquer atitude de falta de respeito pode prejudicar a seleção brasileira nas eliminatórias. O futebol é a nossa maior paixão e combina com festa, alegria e respeito ao adversário. Somos iguais, somos todos futebol", dizia.

Argentina, Peru e Uruguai também já foram multados e advertidos pela entidade pelo grito de "puto" de seus torcedores quando o goleiro rival cobra o tiro de meta. O México, na Concacaf (confederação das Américas do Norte e Central), também já foi punido por essa razão.

Nos países de língua espanhola, "puto" é uma maneira pejorativa de se referir a homossexuais. No México, pelo menos desde 2004, quando o arqueiro do time contrário se prepara para repor a bola em jogo, os torcedores iniciam o canto com um longo "eee" e finalizam com o "puto" quando o tiro de meta é batido.

Nos últimos anos, com clubes do México na Libertadores, os brasileiros passaram a fazer o mesmo, trocando o "puto" por "bicha". Torcedores do Corinthians foram os primeiros a importar a hostilidade, geralmente dirigida ao então goleiro do São Paulo, Rogério Ceni. Durante a Copa do Mundo de 2014, os gritos foram frequentes e desde então foram adotados não somente por membros de torcidas organizadas -durante a Olimpíada deste ano, eles aconteceram em quase todos os jogos de futebol do evento.

No jogo em Belo Horizonte, segundo a Folha apurou, observadores da Fifa não ouviram gritos de "bicha" na cobrança de tiros de meta nem qualquer manifestação similar.

No dia 23 de março, a seleção brasileira enfrenta o Uruguai, em Montevidéu. Cinco dias depois, a equipe joga contra o Paraguai, em casa. O lugar ainda não foi definido.


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