Folha de S. Paulo


Corte do Banco do Brasil inviabiliza Felipe Nasr na F-1 em 2017

Apesar de ter garantido os dois primeiros pontos para a Sauber com seu nono lugar no GP Brasil, Felipe Nasr dificilmente estará na F-1 em 2017. O principal patrocinador do brasileiro, o Banco do Brasil, já definiu que não renovará o contrato com a equipe suíça e nem vai investir em outra escuderia para garantir a permanência do piloto brasileiro na categoria.

A estatal gasta cerca de R$ 50 milhões por ano com a equipe suíça. No acordo, exige a permanência do piloto brasileiro, o que aconteceu nas últimas duas temporadas, em 2015 e 2016.

O banco até estudou uma renovação do contrato, mas com diminuição dos valores e espaço de exposição da marca. A ideia era dividir o pacote para manter Nasr na Sauber com apoio de outras estatais.

A Folha apurou que Petrobras foi procurada. Em crise e reduzindo investimentos, a empresa não se interessou pelo negócio. A assessoria de imprensa da estatal informou que não "que houve negociações relativas a patrocínio" para manter o piloto na F-1.

Além do patrocínio à Sauber, o Banco do Brasil tem contrato com Nasr até 2019. O primeiro acordo de parceria foi em 2011. Três anos depois, surgiu o projeto de financiar a sua ida para a F-1. Na época, o banco tinha um projeto de internacionalização da marca, que foi revisto pela atual diretoria. A avaliação da nova gestão da estatal é que o investimento não é mais prioritário.

Para manter Nasr na F-1, o banco gasta valor semelhante ao investido no vôlei, um dos esportes com maior retorno de visibilidade e que mesmo assim teve redução na cota de patrocínio para a confederação nacional para 2017.

Em agosto, Nasr esteve reunido com o presidente da República, Michel Temer. Na quinta (10), três dias antes do GP Brasil, Temer esteve com Bernie Ecclestone, CEO da F-1. A Folha apurou que a situação do piloto brasileiro não foi tema da reunião, que teve como pauta a manutenção da etapa de F-1 do Brasil.

Além da Sauber, apenas a Manor ainda não anunciou sua dupla para 2017. Ambas as equipes dizem considerar o brasileiro para ocupar uma das vagas. Marcus Ericsson, Pascal Wehrlein, Rio Haryanto e Esteban Gutiérrez também disputam um cockpit para a próxima temporada.

PONTUAÇÃO

Sem considerar o patrocínio, os dois pontos obtidos por Nasr devem reverter em cerca de US$ 30 milhões (o equivalente a R$ 101 mi) para a Sauber em prêmios no ano que vem. O cálculo é da rede de TV britânica Sky Sports.

Isso porque uma parte do bolo da premiação é dividida entre as dez primeiras colocadas do Mundial de Construtores de F-1. Neste ano, a entrada da Haas fez com que o número de equipes subisse para 11.

Antes do GP Brasil, a Sauber era a última colocada no campeonato, sem ter marcado ponto na temporada. A Manor havia conquistado o décimo posto com um ponto conquistado por Wehrlein, no GP da Áustria.

Em condições normais, é improvável que qualquer uma das duas equipes pontue no último GP da temporada, em Abu Dhabi, no próximo dia 27.

As premiações para cada equipe são calculadas a partir do lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) da Formula One World Championship Ltd., empresa que controla os direitos comerciais da F-1. Dessa forma, não há como calcular o valor exato da premiação antes do fim da temporada.

Nos últimos dois anos, Nasr teve um desempenho superior ao companheiro de Sauber, Ericsson, tendo conquistado 27 pontos em 2015, contra 9 do sueco.

Ericsson, porém, se classificou à frente do brasileiro no grid de largada das últimas seis corridas. Apesar de não ter havido um anúncio oficial, a permanência do sueco na equipe suíça é dada como certa em 2017.

Em resposta à Folha, a assessoria de imprensa da equipe Sauber afirmou que não vai comentar as negociações com patrocinadores e que vai anunciar sua dupla de pilotos assim que ela esteja definida.

Em Interlagos, a chefe da equipe suíça, Monisha Kaltenborn, afirmou que pretende confirmar os ocupantes das vagas até o final da temporada.

A assessoria de imprensa do piloto afirmou que as negociações sobre a permanência de Nasr estão a cargo de seu empresário, o inglês Steve Robertson, e prosseguem normalmente.

Com a aposentadoria de Felipe Massa, Nasr é o único piloto do país com chance de alinhar no grid da F-1 em 2017. Caso o brasiliense não consiga a vaga, será o primeiro ano desde 1970 em que a categoria inicia uma temporada sem um brasileiro na disputa.

Em nota o Banco do Brasil informa "que condicionou a renovação do contrato de patrocínio à escuderia Sauber na F1 à entrada de outros patrocinadores, públicos ou privados, reduzindo o valor investido pelo Banco no projeto de marketing".

"O Banco do Brasil reconhece o talento do piloto Felipe Nasr, orgulha-se por ser o patrocinador responsável por seu ingresso na F1, mas, por restrições orçamentárias e estratégias de marketing, entende como necessário rever seu investimento na categoria neste momento", completa.


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