Folha de S. Paulo


Vivendo drama, Messi revê técnico que o garantiu como jogador da Argentina

Ina Fassbender/Reuters
Pékerman instrui Messi antes de colocá-lo em campo contra Sérvia e Montenegro na Copa de 2006
Pékerman instrui Messi antes de colocá-lo em campo contra Sérvia e Montenegro na Copa de 2006

Em partida crucial para o destino da seleção argentina nas eliminatórias da Copa de 2018, Lionel Messi e seu compatriota José Pékerman, técnico da Colômbia, escreverão mais um capítulo de longa relação, marcada por momentos de brilho e de tensão. Nesta terça (15), às 21h30 (com SporTV), representarão lados opostos na província de San Juan, na Argentina.

Influente nas estreias de Messi nas seleções juvenil e principal, Pékerman tentará derrotar o pupilo em jogo que vale vaga temporária entre os cinco classificados para a Copa de 2018. O jogo ocorre em momento delicado para os argentinos, derrotados pelo rival Brasil e que temem não participar da próxima Copa, o que seria a tragédia máxima para a geração de Messi (e também de Mascherano, Aguero, Dí Maria, entre outros), que ainda não conseguiu títulos para consagrar toda a badalação em que foram embalados desde jovens.

Em 2004, quando treinador do Leganés, da Espanha, Pékerman recebeu pedido de Hugo Tocalli, então coordenador das categorias de base da Argentina, para que assistisse a uma partida de um tal de Messi, 17, pelos juvenis do Barcelona. Tocalli havia ouvido do técnico da Espanha em 2003, em partida em que foi eliminado do Mundial sub-17, que se tivesse levado o menino do Barça teria sido campeão. Mais do que isso, foi informado de que os espanhóis tinham planos de convocá-lo para a seleção nacional.

"Pékerman então viu Messi e me disse: é muito bom, convoque-o. Isso me motivou a conversar com [Julio] Grondona, que então marcou um amistoso contra o Paraguai para que Messi pudesse jogar", diz Tocalli à Folha.

Julio Grondona, então presidente da Associação de Futebol Argentina, armou amistoso com o Paraguai o mais rápido que pode. Os rivais mandaram um time sub-22 para jogar contra o sub-20 argentino.

"O técnico da principal era Marcelo Bielsa, e ele conseguiu um vídeo com sete jogadas nas quais pudemos ver a velocidade que Messi tinha ao conduzir a bola". Em sua estreia na "albiceleste" juvenil, em 2004, Messi entrou no segundo tempo, driblou "três ou quatro" adversários ao arrancar do meio de campo e fez seu primeiro gol.

O responsável pela primeira convocação e estreia de Messi pela seleção argentina seria Pékerman, no ano seguinte.

"Messi sempre foi calado, de poucas palavras. mas era possível ver sua carinha de felicidade. Nem mesmo quando o chamamos para a principal ele disse 'muito obrigado, que alegria'. Na beira do campo, ouvia as instruções, não falava, mas se via sua felicidade", conta Tocalli.

"A decisão sempre foi de Messi, no final das contas. Ele sempre quis jogar pela seleção argentina".

Em 2005, a experiência seria oposta: expulso 30 segundos após entrar em campo ao acertar o rosto de um húngaro depois de driblá-lo. Na saída de gramado, Pékerman tentou consolá-lo.

Na Copa de 2006, na Alemanha, a relação sofreu abalo. Nas quartas de final, Pékerman fez três substituições e não colocou Messi, que assistiu do banco de reservas a eliminação para os donos da casa, nos pênaltis. Mais do que a derrota ou ainda tudo o que conquistou pela Argentina, a imagem de Messi no banco estamparia a trajetória de Pékerman em seu país daí em diante, como o próprio já lamentou diversas vezes.


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