Folha de S. Paulo


Ex-amigo, Rosberg tenta primeiro título sobre rival Lewis Hamilton

"Lembro que em 2000, estávamos de férias e falamos, imagine se um dia estivermos na F-1, disputando o campeonato na mesma equipe?"

A lembrança é de Nico Rosberg. O sonho era dele e de seu rival Lewis Hamilton, quando ambos tinham 15 anos. Neste domingo (13), o sonho de Rosberg pode ir além. Ele tem chances de deixar Interlagos com seu primeiro título mundial.

O único que pode impedi-lo? O colega de longa data, Hamilton, com quem divide a mesma equipe, a Mercedes.

De tempos em tempos a F-1 tem uma escuderia dominante, normalmente com um piloto dominante. Porém, a atual disputa entre os pilotos da Mercedes reacende uma rivalidade interna que não se vê desde os tempos de Ayrton Senna contra Alain Prost, no fim dos anos 1980.

Depois de dois títulos consecutivos de Hamilton, Rosberg está muito perto de diminuir essa desvantagem porque, com 349 pontos contra 330 do rival, basta uma vitória para confirmar o troféu. Outras combinações de resultados também lhe dão a taça.

Além da vantagem na pontuação, Rosberg tem a seu favor o fato de correr em uma pista na qual já venceu nos dois últimos anos. Já Hamilton nunca chegou ao topo do pódio no Brasil.

A matemática do título

Se o título de Rosberg se concretizar, a Mercedes terá como dupla os dois últimos campeões. A última vez que isso aconteceu foi em 2010, quando Hamilton e Jenson Button dividiram a McLaren, sem grandes incidentes.

Essa não é a regra, porém. No fim da temporada de 1989 Prost, com a McLaren, ganhou o título após uma intensa disputa contra Senna, campeão do ano anterior e companheiro de escuderia.

A rivalidade cresceu tanto na época que o piloto francês preferiu trocar de equipe e levou o número 1 para a Ferrari no começo do campeonato de 1990. Não foi o suficiente.

Os dois continuaram monopolizando a F-1 e a temporada terminou na caixa de brita do GP de Japão, quando Senna colocou o ferrarista para fora (um troco de 1989) e garantiu seu segundo título.

Seja quem for o campeão, Rosberg e Hamilton continuarão na mesma equipe em 2017, mas a relação dos dois é cada vez pior.

A dupla entrou quase ao mesmo tempo na F-1. Rosberg começou em 2006, mostrando bons resultados na mediana Williams antes de se transferir para a Mercedes.

Hamilton estreou um ano depois e já surpreendeu a categoria ao disputar o campeonato até a última prova. Ele perdeu justamente por uma picuinha interna na McLaren com o companheiro mais famoso, Fernando Alonso.

A briga naquela temporada beneficiou Kimi Raikkonen, campeão com a Ferrari.

Foi em 2013 que os rivais de hoje se tornaram companheiros de Mercedes. Em 2014 Hamilton foi campeão, com Rosberg disputando o título até a última corrida, e perdendo. Em 2015, o inglês venceu novamente, mas com folga.

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Nas pistas, a Mercedes costuma liberar a briga. E o companheirismo passa longe.

Na segunda volta do GP da Bélgica de 2014, uma tentativa de ultrapassagem difícil de Rosberg sobre Hamilton deixou o alemão com a asa danificada e o inglês de pneu furado. A vitória caiu no colo de Daniel Ricciardo.

Mais recentemente, a rivalidade pegou fogo com uma batida na terceira curva do GP da Espanha. Rosberg largou melhor, mas seu carro perdeu aceleração. Quando Hamilton puxou por dentro para ultrapassar o companheiro, foi fechado e ambos pararam no meio da caixa de brita catalã.

Como não poderia ser diferente, ao longo desta semana pré-GP Brasil, eles trocaram farpas e críticas. Ao melhor estilo Senna x Prost.

"Começamos nossa batalha aos 13 anos. Parece que luto contra ele toda minha carreira", comentou Rosberg, sem esconder o clima tenso.

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