O GP Brasil de F-1 completa 45 edições com pouco a comemorar e muita preocupação em relação ao seu futuro.
A etapa e o país, que formam uma das mais tradicionais atrações do calendário, têm um asterisco ao lado de tudo o que lhes representa para o próximo ano.
A interrogação se estende ao grid, uma vez que não se sabe até agora se haverá pilotos brasileiros correndo na categoria em 2017.
Uma volta 360º na pista de Interlagos
Veja o vídeo 360º em dispositivos móveis.
A FIA (Federação Internacional de Automobilismo) divulgou em setembro o calendário provisório da temporada de 2017 e, nele, a etapa brasileira está prevista para 12 de novembro.
Porém, segundo a entidade, a corrida está "sujeita a confirmação" -ao lado de outras duas, na Alemanha e no Canadá.
A FIA não detém os direitos comerciais da temporada da F-1, mas lhe dá crivo esportivo. Quem promove a categoria é a FOM (Formula One Management), dirigida pelo inglês Bernie Ecclestone.
O fato causou estranheza porque a organização do GP Brasil tem contrato firmado para realizá-lo até 2020. Mas não chega a surpreender, já que nos últimos anos houve inúmeras ameaças de o circo da F-1 debandar do Brasil.
As críticas, geralmente, estavam ligadas à estrutura arcaica do circuito de Interlagos, que foi reformado a um custo de R$ 160 milhões teve ampliação dos boxes e do paddock, finalizada no ano passado. Reformas adicionais nos boxes e a cobertura total do local estão previstas para o próximo ano.
Na quarta-feira (9), Ecclestone teve conversa de pouco mais de 30 minutos com o presidente Michel Temer, em Brasília, para falar da manutenção do GP e do cumprimento do contrato.
Eles também trataram de uma eventual fuga de brasileiros da lista de pilotos da categoria em 2017.
Sem competidores na briga por título mundial desde 2009, quando Rubens Barrichello estava na Brawn, o GP Brasil viu o seu público pagante recuar ano a ano.
De acordo com dados fornecidos pela organização da prova, houve 76.400 pessoas presentes em Interlagos no dia da corrida de 2008, quando Massa perdeu o título mundial nos metros finais para Lewis Hamilton.
Em 2013, a audiência retrocedeu a 66.823 pagantes. A Folha pediu à assessoria de imprensa do evento os números dos domingos dos dois últimos anos do GP Brasil, mas não os recebeu.
Neste ano, nem a despedida de Massa ou a disputa do título -o alemão Nico Rosberg pode ser campeão em São Paulo- serviram para alavancar a procura. Até a conclusão desta edição, era possível encontrar
ingressos para todos os setores de Interlagos. A entrada mais barata custa R$ 570.
GLOBO GARANTIDA
A possibilidade de ausência de brasileiros no grid pela primeira vez desde 1970 não deve afetar as transmissões da F-1 na TV aberta.
"Manteremos as mesmas exibições", respondeu a assessoria de imprensa da Globo, lembrando que só não transmitiu ao vivo neste ano GPs vespertinos, como os de Austin (EUA) e do México.
A emissora registra oito pontos de média de audiência nas corridas desde 2013 (cada ponto equivale a 197,8 mil espectadores), o que garante a ela a liderança isolada no horário.
Segundo pesquisa do Observatório de Turismo e Eventos de São Paulo, a F-1 movimenta cerca de R$ 260 milhões para a cidade. Cada visitante nacional gastou em média, na última edição, R$ 3.040, e cada estrangeiro desembolsou aproximadamente US$ 1.065 (cerca de R$ 3.600). Atraídos pelo evento, eles ficaram ao menos três dias na capital paulista.
| Eduardo Anizelli/Folhapress | ||
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| Felipe Massa (Williams) durante os treinos livres em Interlagos; ele deixa a F-1 nesta temporada |