Folha de S. Paulo


Minoria, treinadora tenta título brasileiro no futebol feminino

Numa profissão dominada por homens no país, até mesmo no futebol feminino, uma mulher tenta um feito inédito. Nunca um time comandado por uma treinadora venceu a Copa do Brasil, que existe desde 2007. Emily Lima, 36, do São José, tem a chance de quebrar o tabu nesta quinta (27), às 19h30,quando sua equipe enfrenta o Audax/Corinthians, em Osasco, pelo jogo de volta da decisão da Copa do Brasil.

Ela é uma das seis mulheres que estiveram à beira do campo entre os 32 clubes que disputaram a competição.

A tendência de poucas treinadoras é mundial. Na Copa do Canadá-2015, apenas sete estiveram à beira do gramado entre as 24 seleções. Na Rio-16, oito dos 12 times tiveram técnicos, inclusive o Brasil, com Vadão.

Apesar do pequeno número, elas tiveram sucesso. Silvia Neid conquistou a medalha de ouro com a Alemanha, enquanto Jill Ellis faturou o título mundial com os EUA.

"Uma mulher dirigir um time soa como algo estranho, mas a tendência é que esta situação mude. Acredito que a Fifa vai exigir isso e a CBF terá que mudar", afirmou Emily Lima, que iniciou a trajetória no Juventus-SP há cinco anos e está na equipe do Vale do Paraíba desde 2014.

"Nosso país é preconceituoso em relação a mulher em qualquer área", acrescentou.

No mês passado, ela participou do curso de Licença B, da CBF, que serve para treinadores da base. A treinadora, inclusive, sugere que a CBF disponibilize bolsas para ex-jogadoras participarem dos cursos. À Folha a entidade diz que existe a possibilidade "desde que elas estejam envolvidas com o futebol".

Emily afirmou que ainda deseja se aperfeiçoar com cursos no país e na Europa, além de voltar à seleção e até dirigir um time profissional masculino. "Preciso me aperfeiçoar porque não quero chegar à seleção só com os resultados", disse ela, que já foi técnica das equipes sub-15 e sub-17 da seleção em 2013.

"Deixei o cargo porque a CBF disse que não tinha condições de me registrar, mas não deu para acreditar nesta desculpa porque não estamos falando de R$ 800 mil e,sim, de R$ 5 mil", reclama.

Duas referências de treinadores para Emily são Tite e Pia Mariane, técnica da Suécia, medalha de prata na Rio-16. Pia ganhou o ouro com os EUA em Pequim e Londres.

"Eu me espelho muito no Tite. Procuro vídeos dele no YouTube explicando sobre tática", analisou.

Como o jogo de ida terminou empatado por 2 a 2, o time de Emily precisa vencer para faturar o tri da Copa do Brasil. Em caso de empate, a final vai para os pênaltis.

O jogo terá transmissão apenas via Facebook da CBF.

PARCEIROS, CLUBES INVERTEM NOMES EM TORNEIOS

Parceiros no futebol feminino, Corinthians e Audax invertem o nome principal da equipe a cada torneio que disputam. Na Copa do Brasil, o time chama Audax/Corinthians porque o clube de Osasco era o dono da vaga.

É o terceiro campeonato que a parceria disputa desde o início do ano, quando o Corinthians voltou a investir no esporte.

No Campeonato Brasileiro, a equipe foi inscrita com o nome de Corinthians/Audax, já que o clube alvinegro tinha vaga no torneio por jogar a Série A no futebol masculino.

O nome Corinthians/Audax foi mantido também no Paulista em virtude do "apelo" que o time do Parque São Jorge representa.

De acordo com Pedro Castro, diretor de futebol da parceria, os gastos são repartidos entre os dois clubes. A reportagem apurou que a folha salarial da equipe é de aproximadamente R$ 100 mil.

O Audax/Corinthians tem em seu elenco a volante Thaísa e a lateral Camila, que disputaram os Jogos Olímpicos do Rio.

Adriano Stofaleti
O nome Corinthians está estampado na parte frontal da camisa da equipe
O nome Corinthians está estampado na parte frontal da camisa da equipe

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