Folha de S. Paulo


Clubes demitem, rodam técnicos e seguem com mesmas opções

Rubens Chiri/saopaulofc.net/Divulgação
No retorno de Ricardo Gomes, São Paulo empata em Porto Alegre
Ricardo Gomes no retorno ao São Paulo, no empate contra o Internacional. em Porto Alegre

Em 2010, Dorival Júnior foi técnico do Santos, Celso Roth dirigiu o Internacional, Renato Gaúcho esteve no Grêmio e Ricardo Gomes, no São Paulo. Todos foram demitidos e, anos depois, acabaram sendo contratados novamente pelas mesmas equipes, que hoje comandam.

Eles não são exceções. Dos 20 clubes da Série A do Campeonato Brasileiro, oito possuem técnicos que já estiveram lá antes. Na maioria das vezes, a volta ao passado acontece em momentos críticos. Foi assim com Internacional, Coritiba, São Paulo e Cruzeiro, que recorreram a treinadores já conhecidos para tentar escapar do rebaixamento. A sete rodadas do término do torneio, esses times ainda flertam com a queda.

Campeão da Libertadores com o Inter em 2010, Roth chegou ao Beira-Rio antes do início do returno, em junho, quando a equipe ocupava o 14º lugar. Doze jogos depois, o clube tem apenas um ponto a mais do que o Vitória, o primeiro da zona da degola.

"Celso Roth era o treinador ideal pelo momento que o clube atravessava e também por utilizar um esquema tático que me agrada. Tenho confiança nele", disse o diretor de futebol do Internacional, Fernando Carvalho, que já trabalhou com o treinador no clube gaúcho em 1997/1998, 2002 e 2010/2011.

Treinadores que voltaram

"Não é porque o treinador é demitido que ele deixa de ter qualidade. A demissão pode acontecer por desgaste ou outros motivos", afirmou.

Ricardo Gomes não tem um histórico de conquistas pelo São Paulo. Foi terceiro colocado do Brasileiro de 2009 e semifinalista da Libertadores em 2010. Para o presidente Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, o técnico teve uma "trajetória muito vitoriosa". Na oportunidade, o dirigente era vice de futebol.

Coritiba e Cruzeiro são outros clubes que estão ameaçados pela queda e buscaram treinadores conhecidos por suas torcidas. O time mineiro contratou Mano Menezes. Ele deixou o clube no fim da temporada passada após aceitar o convite do Shandong Luneng, da China.

Neste momento, a equipe mineira está fora da zona da degola, a três pontos do 17º colocado, o Vitória.

Marcos Nagelstein/Agência Freelancer/Folhapress
Celso Roth (c) comanda treino do Inter no CT Parque Gigante, em Porto Alegre, antes do clássico contra o São Paulo, pelo Brasileiro
Celso Roth (c) comanda treino do Inter no CT Parque Gigante, em Porto Alegre

Já o Coritiba buscou Paulo César Carpegiani, que estava desempregado havia quase três anos. Ele tinha dirigido o time paranaense por duas vezes na década de 1990.

O retorno ao passado também aconteceu em clubes com situações mais confortáveis, pois brigam por uma vaga na Libertadores. O Corinthians buscou Oswaldo de Oliveira, que já trabalhado no clube alvinegro em duas oportunidades. Na primeira, faturou o Paulista, o Brasileiro e o Mundial.

Agora, chegou com a missão de mudar o histórico recente de derrotas e garantir um lugar na Libertadores.

O Grêmio apelou para Renato Gaúcho, que também está na terceira passagem e chegou com o mesmo objetivo.

Campeão da Libertadores e do Mundial de Clubes com o próprio Grêmio em 1983 como jogador, ele pegou o time em 11º lugar e o colocou na briga por uma vaga no G6.

"O Renato teve duas passagens excelentes pelo Grêmio [2010/2011 e 2013]. Ele tem a minha confiança, tem o prestígio com a torcida e o respeito dos jogadores", explicou Adalberto Preis, vice de futebol do Grêmio.

Assim como Renato Gaúcho, Marcelo Oliveira é outro que foi jogador da equipe que dirige atualmente. Ele jogou por mais de uma década no Atlético-MG e iniciou a carreira de técnico na base do próprio clube. Em duas oportunidades, foi efetivado no time —a última há seis anos—, além de dirigi-lo interinamente em outras ocasiões.

Entre os oito treinadores que saíram e voltaram para os seus clubes atuais, o que está há mais tempo no cargo é Dorival Júnior —15 meses. Quando dirigiu o Santos pela primeira vez, foi campeão paulista e da Copa do Brasil e só saiu após uma desavença com Neymar.

Na época, queria uma punição maior ao atacante por um ato de indisciplina, mas perdeu a queda de braço e foi demitido pela diretoria.

Atualmente, Atlético-MG e Santos ocupam a terceira e quarta posições no Brasileiro, respectivamente.


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