Folha de S. Paulo


Oneroso, Pacaembu volta à cena com rodada dupla do Brasileiro

Um dos cartões postais da cidade de São Paulo, o Pacaembu volta a ser o centro das atenções no futebol nacional neste domingo (18).

O estádio, que se situa na zona oeste da capital paulista, receberá dois jogos pela 26ª rodada do Campeonato Brasileiro. Às 11h, o Flamengo enfrenta o Figueirense, e mais tarde, às 18h30, o Santos recebe o Santa Cruz.

As partidas serão um escape para diminuir o prejuízo que a Prefeitura de São Paulo tem com o complexo esportivo, que ainda conta com piscinas, quadra de tênis e ginásio poliesportivo. Ela é a responsável pela gestão.

Após Corinthians e Palmeiras construírem suas arenas, a frequência de jogos disputados no local despencou.

Em 2013, quando a Arena Corinthians estava em fase de construção e o Allianz Parque se encontrava fechado para reforma, o Pacaembu recebeu 73 jogos, sua melhor marca nos últimos cinco anos.

Em 2015, sem ter um mandante fixo, o número de partidas caiu para 13. Se a ocupação caiu, o custo para mantê-lo só fez aumentar.

O estádio, que nesta década viu Santos e Corinthians conquistarem títulos da Libertadores, despediu-se do Paulista-2015 com apenas cinco partidas -a pior marca desde 2008, quando ficou fechado para reformas.

Apesar de já ter recebido 27 jogos em 2016, incluindo dois de rúgbi, quase o dobro do ano passado, as receitas não chegam nem perto das alcançadas nas 47 partidas de 2014.

Segundo o secretário municipal de Esportes, Lazer e Recreação da cidade de São Paulo, José de Lorenzo Messina, entre janeiro e julho deste ano, R$ 4,7 milhões foram utilizados para despesas e investimentos. Já a arrecadação foi de R$ 1,7 milhão. O deficit para a prefeitura ficou na casa de R$ 3 milhões.

"O que a gente busca como administração pública é aumentar o número de jogos dentro do Pacaembu, porque gera mais receita e a gente paga os custos do nosso complexo esportivo", afirmou.

Como comparação, em 2014, quando mais partidas foram disputadas no local, o estádio gerou prejuízo, mas menor: R$ 710 mil.

Com um aluguel de R$ 89 mil para jogos noturnos e R$ 71 mil para partidas diurnas, o Pacaembu deve receber mais jogos em 2016 de times de fora do Estado —essa será a segunda vez no ano que o Flamengo será mandante no estádio paulista; a outra foi no Fla-Flu válido pelo Estadual do Rio, em março.

Os valores são considerados baixos. Para reservar 41 mil lugares no Maracanã, a concessionária pede aproximadamente R$ 285 mil.

Messina afirmou que diariamente a secretaria é procurada por equipes de fora de São Paulo interessadas em utilizar o estádio. Ele ainda confirmou que o Flamengo deverá ter mais um confronto no local neste ano.

CONCESSÃO

A concessão do Pacaembu é o desejo da maioria dos candidatos à Prefeitura de São Paulo ouvidos pela Folha.

A tentativa de um acordo entre a administração pública e um particular, porém, não é uma novidade.

Na gestão de Celso Jatene (PR) à frente da secretaria municipal de Esportes, Lazer e Recreação, entre 2013 e março passado, um projeto de concessão foi lançado, mas as sete empresas que demonstraram o interesse de fazer parceria público-privada não deram prosseguimentos às suas propostas. A concessão ficou travada.

"A ideia era que as empresas utilizassem ele [Pacaembu] para gerar renda, mas acredito que elas não conseguiram pensar em uma atividade para isso. O estádio só não pode ter shows noturnos, por exemplo", disse o presidente do Movimento Viva Pacaembu, Rodrigo Mauro.

O movimento foi um dos que desistiram da concessão.

Com a estagnação daquela chamada, duas novas propostas de gestão estão sob análise do Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico).

"Se os projetos forem aprovados, nós iremos fazer um chamamento público para mostrar aos interessados qual é a proposta. Ele passaria a ser concessionado em troca de reforma para adequar o estádio aos grandes jogos", afirmou o atual secretário José de Lorenzo Messina.

P


Endereço da página:

Links no texto: