Folha de S. Paulo


Contra rival difícil, seleção coloca 'Titemania' à prova em Manaus

No único treino aberto da seleção brasileira desde que a nova comissão técnica assumiu o cargo, em meados de junho, dois nomes foram cantados pelos 15 mil presentes na Arena da Amazônia: Neymar, como sempre, e o do treinador, como quase nunca.

O canto "Olê, olê, Tite" sinaliza a rara sintonia entre público e técnico da seleção. Apenas o rosto do treinador aparece em outdoors sobre o jogo em Manaus. Nas entrevistas, a despeito de terem elogiado Dunga, atletas valorizaram a "vida nova", como classificou o lateral Marcelo.

Nesta terça (6), a seleção enfrenta a Colômbia para manter viva a "buena onda" da qual o grupo desfruta nesse início de trabalho de Tite.

Ansioso diante de tanta expectativa de todos os lados, que ele próprio vê como "exagerada", Tite tem tentado transformar o apoio que tem recebido em motivação dos jogadores e da comissão para alcançarem a meta estabelecida após a vitória por 3 a 0 contra o Equador : 100% dos pontos nos quatro primeiros jogos (Equador, Colômbia, Bolívia e Venezuela), para, a depender dos outros resultados, chegar a líder da tabela.

A Colômbia, no entanto, é vista como a adversária mais difícil da série. Terceira colocada na competição, ganhou do Brasil apenas três vezes na história: um amistoso em 1985, uma partida da Copa América em 1991 e outra da mesma competição, em 2015.

A geração de James Rodríguez e Cuadrado, porém, desenvolveu rivalidade recente com a seleção brasileira após jogos marcados por rispidez física e paridade técnica.

Desde 2012, quando James enfrentou o Brasil pela primeira vez, foram um empate, duas vitórias brasileiras e uma vitória colombiana —todas por vantagem mínima.

'TITEMANIA'

Uma das forças do Brasil é o ânimo que torcedores e jogadores adquiriram com a chegada do novo técnico. Sem a cartilha de comportamento criada por Dunga, que proibia chinelos e brincos e colocava obrigações como cantar o hino e usar trajes sociais na apresentação, os jogadores já estão mais soltos.

Nas atividades, brincadeiras, pegadinhas e piadas são frequentes, inclusive com a participação da comissão.

Ao final do treino aberto do sábado (3), os atletas jogaram bolas aos torcedores. Neymar jogou sua camisa para as arquibancadas e abraçou algumas pessoas para "selfies".

Após a vitória contra o Equador, o treinador reuniu todos os profissionais do grupo, incluindo seguranças e roupeiros, e passou a mensagem de que a seleção era aquilo: ganham todos juntos, perdem todos juntos.

O treinador avaliou o elenco como "machucado" e "desconfiado" depois dos recentes momentos difíceis da seleção. Em suas conversas com atletas, ele tem repetido o mantra do "curtir mais", encorajando os atletas a se soltarem mais em campo e a se relacionarem mais com a torcida, absorvendo o que ele enxerga como carinho que vêm das arquibancadas.


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