Folha de S. Paulo


Pela Copa do Brasil, Santos aposta em artilheiro improvável diante do Gama

Eduardo Anizelli/Folhapress
SAO PAULO, SP, BRASIL, 26-06-2016: O jogador Rodrigao do Santos, comemora seu gol contra o Sao Paulo, em jogo valido pelo Campeonato Brasileiro, no estadio do Pacaembu, em Sao Paulo. (Foto: Eduardo Anizelli/Folhapress, ESPORTE)
Atacante Rodrigão, do Santos, comemora gol diante do São Paulo

Rodrigão, definitivamente, não é um jogador que pode se enquadrar ao provável. O artilheiro do Brasil no ano, com 21 gols, três deles em seis jogos pelo Santos, seu novo clube há pouco mais de um mês, é uma surpresa até mesmo para o jogador.

A principal esperança do Santos para a primeira partida sem Gabriel, Thiago Maia e Zeca, que servem a seleção que disputará a Olimpíada, além de Ricardo Oliveira, preservado após longo período afastado por lesão, jogava na várzea de Belmonte, cidade do interior baiano com cerca de 20 mil habitantes, até 2013.

Filho mais novo de uma família com outros seis irmãos, todos homens, o esporte era o que "bico" que lhe rendia R$ 700 para complementar a renda.

"Minha vida até os 19 era ajudar minha família. Comecei com 12, entreguei água, fazia pintura e ajudava como pedreiro. Lá só tem trabalhador. Tudo mudou com um teste no Democrata", conta.

Levado por um empresário da cidade, o ex-atacante Tico Mineiro, foi aprovado e iniciou a aventura despretensiosa como profissional. Pouco depois, rumou para outro mineiro, o Boa Esporte, antes de chegar no Campinense, ano passado.

Mas, para ser artilheiro, precisou até pagar do próprio bolso. "Dei muito bicho, viu. Passei muito do meu para quem me desse o passe, quem mais se deu bem foi o Jucimar", confessa.

Bastaram sete gols para ser procurado pelo Santos. Acertado com o clube que mudaria a sua vida, o provável, uma possível queda de rendimento, não aconteceu. Fez mais 12 antes de deixar a Paraíba por R$ 1,5 milhão.

No Santos, a adaptação foi rápida, com gol logo na estreia. Mas nem tudo são flores. A principal dificuldade é com relação a posicionamento dentro de campo. Sem ter passado por categorias de base, sente falta de instruções em campo. Dorival não larga do seu pé.

"Ele pega [no meu pé], sim, porque é para o meu bem. Boto na minha mente que preciso fazer e melhorar".

O físico, também, é questionado. Na apresentação ao tirar a camisa e em campo aparenta estar acima do peso. O Santos diz que é apenas o biotipo físico dele, que apresenta índice de 9% de gordura, sendo que até 11 é considerado bom para um atleta. Neymar, nos testes de pré-temporada no clube, tinha 5%.

O artilheiro, no entanto, não esconde que é fã de um bom prato. Em Santos, virou frequentador assíduo de uma conhecida cantina da cidade, além de comer feijão baiano e a bala de marfim, trazidos pelos pais em visita recente.

A meta, agora, é mesmo com a volta de Oliveira, manter-se como artilheiro do Brasil. Ele diz que pode fazer e que conseguiria jogar ao lado do camisa 9, com características similares. O improvável, para ele, é mais do que possível.

GAMA

Maringá; Dudu, Cristiano, Pedrão e Felipe; Eduardo, M. Pires, Marlos (Felipe) e Jeferson; Paulo Roberto e Pitio T.: Reinaldo Guedini

SANTOS
Vanderlei; V. Ferraz, D. Braz, G. Henrique e Caju; Yuri, Cittadini, V. Bueno, L. Lima e Copete; Rodrigão. T.: Dorival Jr.

Estádio: Bezerrão/Árbitro: Adriano Milczvcski/TV: 21h45, Globo (Santos)


Endereço da página:

Links no texto: