Folha de S. Paulo


Máfia de resultados também tentou manipular Série D do Brasileiro

Reprodução/Facebook/Náutico-RR
Mais cedo, o Náutico-RR bateu o Remo por 3x2 e conseguiu a sua primeira vitória na Série D. O Alvirrubro continua invicto jogando no Estádio Ribeirão. Washington (2x) e Thiago marcaram para o Alvirrubro, e Rafael Paty e Eduardo Ramos descontaram para o Remo.*#NáuticoRR,Foto de Náutico-RR.
Partida entre Náutico-RR e Remo pela série D do Campeonato Brasileiro

A quadrilha que tentava manipular resultados em partidas de futebol no país agiu também em uma competição nacional, organizada pela CBF (Confederação Brasileira de Futebol).

A Folha apurou que o DHPP (Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa) investiga uma denúncia no jogo entre Náutico de Roraima e Remo, pela sexta rodada da Série D do Campeonato Brasileiro de 2015, equivalente à quarta divisão.

O clube de Boa Vista teria recebido uma proposta de R$ 40 mil para perder do time paraense por 4 a 0. A equipe da casa, porém, venceu a partida por 3 a 2 —a primeira das duas vitórias que o time teve na competição.

A proposta foi feita em uma reunião com o grupo de jogadores relacionados para o confronto. Os atletas foram orientados a comparecerem ao encontro usando shorts e não levarem aparelhos eletrônicos. Os aliciadores queriam evitar qualquer chance de as conversas serem gravadas.

MÁFIA DOS RESULTADOS
Quadrilha tentava manipular partidas no Brasil para favorecer apostadores asiáticos

Adroir Bassorici, 43, presidente do Náutico-RO, confirmou que foi procurado por dois aliciadores na semana da partida, mas diz que não aceitou a proposta.

"Fomos procurados por dois senhores. Um tinha traços orientais, enquanto o outro tinha nome de Márcio ou Marcos, mas não me recordo agora. Ele entrou em contato comigo oferecendo vantagem e algo em torno de R$ 30 mil, mas não aceitamos", disse o dirigente, confirmando também a reunião dos aliciadores com o elenco. A Folha apresentou imagens dos presos a um dos jogadores da partida, que sob condição de anonimato reconheceu um dos aliciadores como Marcos Danilo Ferrari, 42, ex-técnico do Palmeira (RN), um dos nove presos na operação "Game Over".

Guilherme Seto/Folhapress
Anderson Silva Rodrigues
Organograma da operação Game Over apresentado pelo DHPP

"Na época, fiquei muito surpreso e não sabia o que fazer, já que não gravei a conversa e não tinha como provar. Estou disposto a colaborar com as investigações. Não posso omitir a história", acrescentou Bassorici, que está na presidência do clube desde 2012.

Assim como aconteceu em outras partes do Brasil, a quadrilha procurava times que estavam com dificuldades financeiras. Na época, o Náutico devia dois meses de salários aos jogadores.

Ferrari é o principal suspeito de ter feito a intermediação entre Anderson da Silva Rodrigues, 41, chefe do esquema no país, e o clube roraimense.

Ele se apresentou à polícia em Natal na última sexta-feira (8) e deve prestar depoimento no DHPP nos próximos dias. Natural de Diadema, o aliciador treinou neste ano o Palmeira (RN), rebaixado para a 2ª divisão do Campeonato Potiguar.

Inicialmente, a investigação apurava a tentativa de manipulação de resultados em partidas das Séries A2 e A3 do Campeonato Paulista e de divisões inferiores do Norte e do Nordeste.

A operação, organizada pelo Drade (Delegacia de Repressão aos Crimes de Intolerância Esportiva), aconteceu nas cidades de São José do Rio Preto, Bauru, Sorocaba e São Paulo, além de cidades do Estado do Rio de Janeiro, do Rio Grande do Norte e do Ceará.

Procurada pela Folha, a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) afirmou que "em nenhum momento a CBF recebeu qualquer informação relativa a este tema no que diz respeito às suas competições."

Editoria de Arte/Folhapress
COMO FUNCIONAVA A MÁFIA DOS RESULTADOS
COMO FUNCIONAVA A MÁFIA DOS RESULTADOS

Endereço da página:

Links no texto: