Folha de S. Paulo


Odebrecht é entrave para Corinthians conseguir carência no Itaquerão

A situação da Odebrecht é o principal entrave para que o Corinthians consiga aumento do prazo para pagar as parcelas do empréstimo que recebeu do BNDES, de R$ 400 milhões, para a construção do estádio.

A Odebrecht é alvo da operação Lava Jato, e seus executivos negociam a delação premiada com a Justiça.

O pedido do clube e do fundo criado para administrar a arena é que a Caixa Econômica Federal (banco repassador do financiamento) e o BNDES autorizem que o parcelamento seja suspenso por 17 meses, de forma que haja tempo para acúmulo de receitas.

O fundo é formado por Corinthians, Odebrecht e Caixa.

O pagamento das parcelas, no valor de cerca de R$ 5 milhões por mês, começou em julho do ano passado, após um período de carência de 19 meses. As regras do BNDES, porém, davam permissão para que essa carência fosse de 36 meses, ou seja, exatamente os 17 meses a mais que o clube alvinegro reivindica.

Foram pagas as parcelas até março deste ano. Desde abril, o Corinthians está inadimplente –segundo a Caixa, a negociação em andamento permite pausa nas transferências.

O pleito do clube e do fundo não é para que a quitação aconteça 17 meses depois, mas sim que ao final dos 17 meses as parcelas sejam remanejadas.

Assim, os valores aumentariam um pouco por mês, mas o pagamento total terminaria na mesma data previamente combinada, ou seja, dezembro de 2028.

A Caixa, porém, pediu novas garantias para autorizar o pedido. O Corinthians tem duas matrículas de sua sede comprometidas, enquanto a maior parte da garantia vem da Odebrecht.

O banco, porém, tem argumentado que a situação instável da construtora torna as garantias anteriores mais frágeis –as dívidas da construtora chegavam a R$ 90 bilhões em abril de 2016.

Não há prazo para a Caixa decidir sobre o assunto.

Procurado, o BNDES diz que ainda não recebeu nenhum pedido para extensão de prazo.

A Caixa, por sua vez, afirma que não vai se manifestar porque os seus contratos são protegidos por lei.

A Folha tenta obter resposta do Corinthians desde sexta (8), mas o clube não respondeu à reportagem até o fechamento desta reportagem.

A Odebrecht afirmou que não comentaria esse tema.

CUSTO DO ESTÁDIO

Como mostrou a Folha no sábado (9), ao final do prazo de pagamento, em 2028, o Corinthians terá desembolsado ao menos R$ 1,64 bilhão pela construção de seu estádio.

O valor final consta em planilha da Odebrecht, considerando juros de cerca de R$ 453 milhões, referentes a três empréstimos para as obras.

Além do financiamento com o BNDES, foram emitidas debêntures, títulos de crédito lançados para captar recursos, somando o valor de R$ 400 milhões.

Editoria de Arte/Folhapress
QUANTO VAI CUSTAR A ARENA CORINTHIANS?
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