Folha de S. Paulo


São Paulo anuncia rompimento total com torcidas organizadas

O São Paulo anunciou nesta sexta (8), o rompimento total com as torcidas organizadas. O anúncio vem após os confrontos ocorridos no entorno do Morumbi, na quarta (6), depois da derrota na semifinal da Libertadores por 2 a 0 para o Atlético Nacional (COL).

Em janeiro, o presidente do clube, Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, admitiu em entrevista concedida à Folha, que auxiliava as duas principais organizadas do São Paulo com ingressos e dinheiro para o carnaval.

O rompimento se dá, inicialmente sobre esses dois tipos de ajuda, mas o clube cogita ir um passo além e entrar na Justiça para não permitir que as torcidas utilizem o distintivo e os símbolos do São Paulo em suas peças e bandeiras.

Segundo a nota publicada no site oficial do clube, imagens e relatos de torcedores e autoridades comprovam que os atos de violência na noite de quarta-feira estão relacionados a torcedores organizados.

"O São Paulo Futebol Clube vem a público manifestar seu veemente repúdio aos episódios de violência ocorridos no entorno do Estádio do Morumbi, após o jogo da última quarta-feira. Inúmeros relatos e imagens de torcedores e autoridades deixam evidente a associação entre os atos lamentáveis e membros identificados como participantes de torcidas organizadas".

O clube também afirma que tem consciência de que grande parte dos torcedores organizados é composta de cidadão bem intencionados, mas que "não compactua, em hipótese alguma, com o comportamento de uma minoria.

"Nossa intenção é sempre prestigiar o verdadeiro torcedor, apaixonado pelo clube, que merece todo respeito", diz a nota.

"Em nome destes torcedores, o São Paulo formaliza que não vai manter mais nenhum tipo de relação com as torcidas organizadas, em qualquer aspecto. Por fim, fará todos os esforços ao seu alcance, junto com as autoridades competentes, para assegurar que cenas lamentáveis como aquelas não se repitam", conclui.

O presidente do clube, Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, admitiu em entrevista concedida à Folha, em janeiro, que auxiliava as duas principais organizadas do São Paulo com ingressos e dinheiro para o carnaval.

O presidente vinha recebendo pressão de conselheiros do clube para efetivar o rompimento.

Veja o vídeo

Imagens Amon Borges

CONFRONTO COM A PM

Depois da derrota na semi da Libertadores, os organizados da Torcida Independente entrou em confronto com a PM deixando ao menos 19 feridos: 16 policiais e três torcedores.

Pedras, garrafas e até rojões foram lançados nos policiais, que revidavam com bombas de efeito moral e balas de borracha.

Segundo a PM, a confusão começou com torcedores da organizada que não estavam no estádio durante a partida. Ainda segundo a polícia, eles estavam identificados com camisetas da Independente, principal organizada do São Paulo.

"Torcedores que estavam na parte externa, da Independente, começaram a atacar os marreteiros [ambulantes] e jogaram garrafas nos torcedores comuns. Eles depois começaram a roubar os torcedores comuns", afirmou o tenente coronel Gonzaga, responsável pelo policiamento no estádio, na quarta-feira.

Apesar da declaração, nenhuma pessoa foi detida por roubo. Dez torcedores foram levados para o 89º DP do Jardim Taboão, onde foi registrado um boletim de ocorrência de lesão corporal, resistência, dano qualificado e por promover tumulto.

A Independente publicou uma nota em suas redes sociais, na quinta (7), para " esclarecer os fatos ocorridos no jogo". Segundo o grupo, a Polícia Militar errou desde a chegada dos torcedores ao estádio.

"Inicialmente, tivemos a festa impedida na chegada do ônibus. O combinado com a Polícia Militar, que era aproximar as grades não foi cumprido, em tom ameaçador e de confronto. Só queríamos estar ali levando nosso apoio ao time, atitude tradicional. Fomos repelidos de forma ostensiva. O clima ficou hostil desde esse momento."

A organizada afirma que não tem relação com os roubos, que atribui a quadrilhas especializadas.

Confira a nota oficial:

O São Paulo Futebol Clube vem a público manifestar seu veemente repúdio aos episódios de violência ocorridos no entorno do Estádio do Morumbi, após o jogo da última quarta-feira. Inúmeros relatos e imagens de torcedores e autoridades deixam evidente a associação entre os atos lamentáveis e membros identificados como participantes de torcidas organizadas.

Mesmo sabendo que parte expressiva destes agrupamentos de torcedores é constituída de cidadãos bem intencionados, o São Paulo não compactua, em hipótese alguma, com o comportamento de uma minoria. Nossa intenção é sempre prestigiar o verdadeiro torcedor, apaixonado pelo clube, que merece todo respeito.

Em nome destes torcedores, o São Paulo formaliza que não vai manter mais nenhum tipo de relação com as torcidas organizadas, em qualquer aspecto. Por fim, fará todos os esforços ao seu alcance, junto com as autoridades competentes, para assegurar que cenas lamentáveis como aquelas não se repitam, em respeito à história do Clube e à paixão dos torcedores.


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