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Calleri diz que nem vaga no Mundial o garante no São Paulo até o final do ano

Artilheiro do São Paulo na temporada com 15 gols, recordista de gols na Libertadores pelo clube em uma temporada, com oito, e artilheiro na história do Morumbi em uma única edição da competição, com seis. Essas são as marcas do argentino Jonathan Calleri, 22, em apenas cinco meses como atacante do São Paulo.

Sondado por clubes europeus, o atacante chegou ao clube por empréstimo de apenas cinco meses, em fevereiro, e logo virou ídolo da torcida, que fez até música para ele.

No entanto, a história de amor pode estar próxima do fim. Apesar de ter afirmado que ficaria para uma hipotética disputa de Mundial de Clubes quando foi apresentado, a vontade do jogador em atuar na Europa parece estar falando mais alto.

Em entrevista à Folha, Calleri falou sobre seu futuro no São Paulo, suas impressões sobre o futebol brasileiro, seleção argentina e brasileira, além do confronto contra o Atlético Nacional (COL), pela semifinal da Libertadores, que começa nesta quarta, às 21h45, no Morumbi.

Veja os principais trechos de sua entrevista.



Folha - A promessa de permanecer para o Mundial em caso de conquista da Libertadores continua?
Calleri - Sempre disse que viria por cinco meses. Um grupo de empresários me comprou há cinco ou seis meses, me colocaram aqui para jogar por esses cinco meses e não depende de mim, se quero ficar ou não. A intenção deles sempre foi me colocar no futebol europeu, que também sempre foi meu sonho. Agora pode ser minha chance.

Estou muito feliz aqui, jogando bem, estou de bem com todos, com a cidade, com a equipe, com o clube, com todos os que ajudam aqui dentro. É um grande clube, me sinto cômodo e não fecho as portas. Mas todos tem sonhos. Desde pequeno sempre sonhei em jogar em algum clube da Europa e acredito que agora pode ser minha chance. Mas não tenho nada acertado com nenhum clube e pode ser que eu fiquei aqui, por seis meses, um ano, dois. Nunca se sabe.

Há algum clube europeu em especial?
Não tenho um clube em especial. Quero ver se estou à altura de atuar em algum clube europeu, jogar uma Liga Europa, uma Liga dos Campeões. Mais que nada para testar se posso jogar. Trabalho todos os dias para isso e trato de melhorar dia a dia. Seria lindo com esta idade, 22 anos, chegar a jogar em um clube europeu.

O que espera do Atlético Nacional (COL) na semifinal?
Eles vão vir para atacar. É uma equipe que cria muito. Tem jogadores que jogaram a Copa América agora, como o Marlos Moreno, jogadores que serão vendidos por muito dinheiro ao futebol europeu. Temos que estar concentrados para abrir uma diferença e ir para a Colômbia um pouco mais tranquilos.

Quem perdeu mais com a pausa após as quartas de final?
Pra nós foi pior. Não jogamos a Libertadores, o que é uma motivação a mais, mas se nota que perdemos um pouco o nível após o jogo contra o Atlético-MG. Não temos jogado da mesma maneira, mas essa equipe gosta das partidas difíceis. As partidas onde realmente precisávamos ganhar, a equipe ganhou.

Como está o Ganso psicologicamente? Ele está confiante que pode jogar a partida de volta?
Ele está muito chateado por não poder jogar a semifinal da Libertadores —logo ele que foi um fator importante para chegarmos até essa fase. Mas temos que tê-lo bem para uma hipotética final. Temos que nos arrumar com o que temos e penso que não somos menos que ninguém. Jogaremos de igual para igual com qualquer um, esteja Ganso ou não.

Quais são as principais diferenças que você nota entre Brasil e Argentina?
Na Argentina, quando os times estão mal, as pessoas vão mais ao estádio. O time pode jogar contra uma equipe pequena e o estádio lota. No Morumbi, vai lotar contra o Atlético Nacional (COL), mas se vamos jogar contra o América-MG tem 5 mil, 10 mil pessoas.

E dentro de campo?
Aqui se tem muito respeito pelos grandes, no Paulista principalmente. Uma equipe vem jogar contra o São Paulo e o respeitam. Na Argentina não: o menor encontra o maior e vem para ganhar.

Na Argentina a concorrência no ataque é grande. Se você fosse brasileiro, estaria na seleção?
Se eu fosse brasileiro, creio que o técnico me levaria em consideração para estar na seleção. Na Argentina temos grandes jogadores, que aqui no Brasil não têm. Vocês têm por fora: Douglas Costa, Neymar, que são grandes jogadores, mas não tem um camisa nove característico, como tem muitos na Argentina.

Você espera estar na lista final da seleção olímpica da Argentina?
Sempre disse que quando vim para cá era para me mostrar para os Jogos Olímpicos. Nunca tive a possibilidade nem estive próximo de vestir a camisa da seleção seja sub-17, sub-20, e acho que essa possa ser uma grande possibilidade para vestir a camisa da seleção, mesmo que seja a olímpica, sub-23.

Eduardo Knapp/Folhapress
Sao Paulo, SP, Brasil, 13-04-2016 23h03: Copa Libertadores. Sao Paulo e River Plate jogam no estadio do Morumbi. Calleri comemora seu segundo gol (foto Eduardo Knapp/Folhapress. ESPORTES). Cod do Fotografo: 0716
Calleri, do São Paulo, durante jogo contra o River Plate

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