Folha de S. Paulo


Brasileiro da seleção italiana queria ser técnico em mecânica industrial

Vincenzo Pinto/AFP
O atacante Éder comemora gol para a Itália contra a Suécia, na Euro
O atacante Éder comemora gol para a Itália contra a Suécia, na Euro

Éder Citadin Martins nasceu na cidade catarinense de Lauro Müller, com só 15 mil habitantes. No fim da adolescência, tinha entre suas ambições ser técnico em mecânica industrial.

Com as voltas que o mundo dá, hoje, aos 29 anos, ele vive em Milão, cidade italiana com mais de 1 milhão de moradores. Joga pela Internazionale, mas vem chamando mesmo a atenção como atacante titular da seleção do país nesta Eurocopa.

Ele estará em campo neste sábado (2) com a Itália para enfrentar a Alemanha, às 16h (de Brasília, com SporTV, Band e Globo), pelas quartas de final do torneio, em Bordeaux, na França.

"É um momento único, de muita emoção. É uma competição que, para um jogador, fica marcado por toda a vida. Aqui se encontram os melhores jogadores da Eurocopa", disse Éder em contato com a Folha.

Tudo aconteceu muito rápido na vida do atleta, descendente de italianos.

Éder chegou ao Criciúma aos 14 anos. Com 16, fez a sua primeira viagem para a Itália para fazer testes no Lecce. O clube que hoje disputa as divisões inferiores no país aprovou o jogador, mas o time catarinense não o liberou.

Com 17 anos, Éder subiu ao profissional da equipe, mas foi contratado pelo Empoli, também da Itália, quando tinha 18 anos. Desde então, não voltou mais para o Brasil.

Ele passou por Frosinone, Brescia e Cesena antes de chegar à Sampdoria, em 2012, onde realmente se destacou.

Marco Bertorello-01.dez.2014/AFP
Éder festeja um gol para a Sampdoria, em 2014
Éder festeja um gol para a Sampdoria, em 2014

Na primeira metade da última temporada, por exemplo, marcou 12 gols em 19 partidas do Campeonato Italiano.

As suas atuações chamaram a atenção da Inter de Milão, que o contratou no começo deste ano.

A sua primeira convocação para a Itália aconteceu em março de 2015. Ele chegou a ser criticado pela torcida do país, que torce o nariz sempre que um estrangeiro naturalizado é chamado para a seleção.

Na Eurocopa, porém, ganhou moral com os torcedores após marcar o gol da vitória do time sobre a Suécia, por 1 a 0, pelo segundo jogo da fase de grupos.

"Este é um momento muito importante da minha carreira. Eu esperava que a Itália podia fazer uma boa Eurocopa porque trabalhamos muito em dois anos com o técnico [Antonio Conte] para chegar bem", afirmou.

Éder escolheu jogar pela Itália por falta de oportunidades na seleção brasileira –atuou apenas pelo time sub-20.

Depois de ter sido convocado pela primeira vez por Conte, o ex-treinador da seleção brasileira Dunga disse que observava o atacante.

Mas o futebol não era o único caminho traçado por Éder quando deixou a pequena Lauro Müller para se mudar para Criciúma. Ele entrou numa escola técnica para fazer o ensino médio com o intuito de ser técnico em mecânica industrial.

"Como estudávamos em dois períodos, ele não conseguiu continuar em virtude dos treinos e mudou de escola seis meses depois", conta o amigo de infância Leonardo Zanin, que é padrinho de casamento do atacante e morou junto com ele em Criciúma.

Dalci, mãe de Éder, também foi morar em Criciúma, pois dizia que gostaria de ficar com o filho o máximo de tempo possível, já que acreditava piamente que ele se tornaria um jogador.

"Toda minha família sempre me incentivou muito na minha carreira. Eles são muito importantes para mim, sobretudo nos momentos difíceis", disse Éder.

Segundo Zanin, apesar de hoje jogar em um dos maiores clubes do mundo e ser titular de uma seleção que é tetracampeã mundial, o jogador não perdeu a sua essência.

"Ele é contador de piada, de histórias. Quando éramos crianças, o Éder era meu companheiro de praia. E ele gostava de incomodar as pessoas", afirmou.

Alessandro Garofalo/Reuters
Éder durante uma partida da Inter de Milão, no início de 2016
Éder durante uma partida da Inter de Milão, no início de 2016

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