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SBT diz que foi sondado pela Globo e pede mudanças em direitos de TV

Eduardo Anizelli/Folhapress
Câmera de transmissão durante jogo entre Corinthians e Independiente Santa Fe, da Colombia, valido pela fase de grupos da Copa Libertadores da America, no Itaquerão
Câmera de transmissão durante jogo entre Corinthians e Independiente Santa Fe, pela Libertadores

Um dos candidatos a fazer parceria com a Globo pela transmissão do Campeonato Brasileiro após a saída da Band, o SBT acredita que todo o modelo vigente de negociação dos direitos de transmissão entre clubes e emissoras precisa ser modificado para que ele possa a voltar a colocar partidas de futebol em sua grade. Em entrevista à Folha de seu vice-presidente, José Roberto Maciel, e em ofício enviado ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), o SBT afirmou que tem interesse em transmitir o Brasileiro, mas avalia que "o atual modelo não é sustentável."

Amplificando crítica já apresentada pela Band, a emissora de Silvio Santos se queixa do modelo de "exclusividade", segundo o qual apenas uma única emissora (atualmente a Globo) detentora dos direitos transmite as partidas de sua escolha, e pede regulação que defina as regras do sublicenciamento, permitindo ao sublicenciado "utilizar e explorar o conteúdo em igualdade de condições que detentor principal dos direitos". Essa condição esteve entre os motivos para o encerramento da parceria entre Globo e Band, que só podia exibir o mesmo jogo que estava passando no outro canal.

"O modelo de hoje não permite que novos 'players' participem. Em qualquer lugar do mundo, o sublicenciado tem os mesmos direitos do principal detentor", diz Maciel, confirmando que o SBT recebeu sondagem da Globo para assumir o lugar da Band no sublicenciamento do Brasileiro, mas que não chegou a se tornar uma proposta oficial.

Direitos de transmissão do Brasileiro

O SBT também reclama que atualmente a negociação de direitos de TV é feita individualmente, entre clube e emissora, e defende que volte a entrar em vigor modelos como os de "Estados Unidos, Alemanha e Inglaterra", relembrando o extinto Clube dos 13.

"Pegue o modelo da Liga dos Campeões. Há uma licitação com regras claras: os clubes apresentam requerimentos que atestam suas capacidades de transmissão, e depois passam à discussão de valores financeiros. É um processo aberto, com regras claras", explica Maciel.

"No Brasil, isso não existe. Hoje, há um processo que gera renovação praticamente automática dos direitos. É um processo puro de renovação", completa.

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Resposta do SBT ao Cade
Resposta do SBT ao Cade

O SBT exibiu torneios nacionais com frequência na década de 1990. A última competição de futebol que o SBT transmitiu foi a Copa Ouro em 2003.

"O que afastou o SBT foram os altos custos de transmissão. Não é uma decisão simples [voltar a exibir eventos esportivos]. A gente pondera que perdeu a tradição no futebol", diz Maciel.

Ao Cade, que investiga a disputa por direitos de transmissão, a emissora diz que também pensa em "campeonatos das série inferiores, nas modalidades femininas, nas categorias de base", mas ressalta que "sem ter como ofertar esse conteúdo em um contexto maior, que contemple os grandes campeonatos, não há como prosperar."

Em respostas que enviaram ao órgão de fiscalização, Record e Band também fizeram reparações ao modelo vigente.

Segundo a Folha apurou, as discussões sobre a Lei Geral do Esporte, que pretende unificar a regulamentação sobre o tema no país e cujo projeto atualmente está em discussão no Senado, tratarão das negociações de direitos de TV.

DISPUTA DAS TVS - Negociações pelo direito de transmissão em TV fechada a partir de 2019


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