Folha de S. Paulo


Comparado a Tite, Cristóvão já teve embates com o Corinthians

O novo técnico do Corinthians, Cristóvão Borges, 57, acompanhou a vitória por 3 a 1 do clube sobre o Botafogo, pelo Brasileiro, em um camarote do Itaquerão, com Tite. Mas não foi neste domingo (19) que o treinador vivenciou pela primeira vez a pressão da torcida corintiana.

Em outras oportunidades, Cristóvão já sentiu na pele a força do torcedor alvinegro, seja contra ou a seu favor.

Nascido em Salvador, Cristóvão foi revelado pelo Bahia e, como atleta, teve passagens por clubes como Fluminense, Atlético-PR e Santa Cruz. Em 1986, chegou ao Corinthians, onde não conquistou título, mas teve boas apresentações.

Em 58 partidas, foram 27 vitórias, 20 empates e 11 derrotas. Apesar de atuar como volante –uma posição tradicionalmente defensiva–, marcou 13 gols. Em uma de suas partidas mais memoráveis no clube, anotou o gol da vitória sobre o Palmeiras por 1 a 0, pelo primeiro jogo da semifinal do Paulista de 1986 (o clube viria a ser eliminado pelo arquirrival no segundo jogo do estadual).

Deixou o Corinthians em 1987 e, dois anos depois, seu bom rendimento no Grêmio o levou à seleção brasileira, onde teve breve passagem.

TREINADOR

Em 1994, Cristóvão pendurou as chuteiras e, quatro anos depois, iniciou a sua carreira fora dos campos como auxiliar-técnico do Bangu. Só foi efetivado como treinador no Vasco em 2011, após problemas de saúde de Ricardo Gomes, de quem era auxiliar.

Na equipe carioca, o baiano protagonizou embates importantes contra o Corinthians. Em 2011, O Vasco perseguiu o Corinthians no Brasileiro e terminou o campeonato na vice-liderança –o clube paulista conquistava o seu quinto título.

Menos de um ano depois, ambas as esquipes se reencontraram nas quartas de final da Libertadores. Após empate sem gols no Rio de Janeiro, o Corinthians de Tite se classificou com gol marcado no fim da partida realizada no Pacaembu, em São Paulo. O jogo ficou marcado também por incrível chance desperdiçada pelo então vascaíno Diego Souza, cara a cara com o goleiro Cássio, já no segundo tempo.

Depois de comandar o Bahia, Fluminense, Flamengo e Atlético-PR, Cristóvão não era a prioridades dos cartolas corintianos para assumir a vaga de Tite, que foi para a seleção.

Após a partida contra o Botafogo, o presidente do clube, Roberto de Andrade, admitiu que sua primeira escolha era Sylvinho, hoje auxiliar técnico na Internazionale, da Itália, e que só decidiu falar com Cristóvão após a recusa do ex-lateral corintiano.

TITE

Cristóvão, por sua vez, foi bem aceito pela diretoria alvinegra por apresentar conceitos semelhantes ao de Tite, como a manutenção da posse de bola e por ter um bom relacionamento com as pessoas que o cercam.

Quando estava no Flamengo, foi comparado a Tite pelo atacante ex-corintiano Emerson Sheik.

"Trabalhei com o Tite e vi o Cristovão muito parecido com ele. Achei que nunca fosse encontrar um treinador do futebol parecido com o Tite, bem estudioso", afirmou Sheik em 2015.

Cristóvão terá a dura missão de substituir o treinador mais vitorioso da história do clube. Para isso, ele terá de enfrentar a grande exigência do torcedor –acostumado a boas campanhas e títulos de expressão nos últimos anos– e a desconfiança quanto à falta de títulos em seu currículo de técnico.

"Ele é muito calmo, sereno, e essa serenidade vai ajudar a nos dar tranquilidade para trabalhar", comentou o lateral corintiano Fagner.

Cristóvão estava sem clube desde março deste ano, quando rompeu com o Atlético-PR, e deverá ser apresentado oficialmente e iniciar o trabalho já nesta segunda-feira (20), no CT Joaquim Grava. O clube alvinegro acertou um contrato inicialmente até dezembro de 2017. Ele deve estrear contra o Atlético-MG na quarta (22) no Mineirão.


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