Folha de S. Paulo


ANÁLISE

Brasileiros podem deixar suas marcas na final da NBA

Na noite deste domingo (18) a NBA verá uma série final ser decidida em um sétimo jogo apenas pela 19ª vez nas 69 temporadas de existência do maior campeonato de basquete do mundo.

Depois de um torneio de extenuantes 82 jogos e mais três séries de playoff disputadas em sistema melhor de sete partidas, o campeão será decidido em apenas um jogo: é o sonho de qualquer torcedor.

O Golden State Warriors irá jogar em casa para tentar coroar a melhor temporada de todos os tempos. O time venceu 73 dos seus 82 jogos na fase de classificação, recorde da história da liga, teve o melhor jogador do campeonato (Stephen Curry) e o melhor técnico (Steve Kerr), além de inúmeros outros recordes, sendo o de mais bolas de 3 pontos feitas na história um dos mais marcante deles.

Do outro lado, o Cleveland Cavaliers tem LeBron James, já um dos melhores jogadores da história do basquete, que tenta melhorar o seu recorde de "apenas" dois títulos em seis finais disputadas.

Ao mesmo tempo ele busca levar para sua cidade natal o primeiro título esportivo desde 1964, somando aí todas as temporadas disputadas pelas equipes de basquete, hóquei, futebol americano e beisebol da cidade. Como se isso tudo não fosse o bastante, esse confronto já traz a rivalidade de ser uma reedição da final de 2015, vencida pelos Warriors.

No meio desse jogo histórico, dois jogadores brasileiros aparecem com inesperados papeis importantes. Leandrinho busca ser o primeiro jogador do país a ganhar dois títulos da NBA, enquanto Anderson Varejão, que jogou 11 anos nos Cavaliers, tem a chance de ser campeão justamente contra o time onde foi ídolo, após ter sido negociado no meio desta temporada.

A dupla de brasileiros tem a sua importância, mesmo que limitada nesse elenco dos Warriors. Eles são veteranos que costumam vir do banco de reservas e jogar pouco, mas bons minutos. Leandrinho, em especial, se consagrou como um dos líderes dessa equipe fora da quadra, ganhando elogios do técnico Steve Kerr por sua atitude em engajar e liderar os reservas, desde os treinos até o desempenho dentro de quadra.

Mas eles vão precisar de um pouco mais dos dois neste domingo, e é difícil saber se isso é boa ou má notícia para os Warriors, já que essa necessidade nasce do mal desempenho de outros.

Varejão deve ganhar tempo de quadra porque as outras opções do time para a posição de pivô estão mal nessa série.

O titular Andrew Bogut machucou o joelho e não poderá jogar, seu reserva imediato, Festus Ezeli, perdeu a confiança da comissão técnica e costuma ser sacado do jogo após o primeiro erro grosseiro na defesa. Sobram duas opções: jogar com um quinteto mais baixo, sem um pivô de ofício, ou usar Varejão por mais tempo.

Certamente os Warriors irão tentar as duas coisas porque jogar sem pivô por longos períodos é uma das características únicas do time, mas caberá ao brasileiro fazer sua parte quando estiver em quadra para minimizar o domínio dos Cavaliers na posição nos últimos jogos. Se ele limitar os rebotes de ataque do adversário, assim como suas infiltrações no garrafão, poderá fazer toda a diferença pelo campeonato.

Com Leandrinho a questão é parecida, desempenho ruim de uns e lesões de outros abrem espaço para que ele tenha minutos importantes em quadra. Embora ele geralmente entre no lugar das duas estrelas do time, Stephen Curry e Klay Thompson, quando eles precisam de um descanso, nos últimos jogos foi também usado até na posição dos alas Harrison Barnes e Andre Iguodala, por pura necessidade.

Barnes errou 20 dos últimos 22 arremessos que tentou nessa final; Iguodala sofreu com fortes dores nas costas e mal conseguiu correr ou saltar na última partida. É bastante provável que, por esses problemas, sobre mais responsabilidade do que o normal nas costas do brasileiro nesse jogo final.

O seu time torce para que ele mantenha o que tem feito na série, já que mesmo com apenas 14 minutos de quadra em média, tem o melhor aproveitamento da equipe em arremessos gerais (65%) e de bolas de três pontos (44%).

Poucas vezes foi possível ver um jogo final tão imprevisível. O técnico Steve Kerr nunca perdeu três jogos seguidos como técnico dos Warriors e apenas três times perderam um jogo 7 de final em casa.

Por outro lado, os Cavaliers vêm de duas vitórias categóricas e ninguém parece ser capaz de defender LeBron James.

Jogos assim podem ser decididos por detalhes vindo de jogadores secundários, coadjuvantes, e os brasileiros provavelmente terão as suas chances de deixarem suas marcas nessa final.

NBA


Endereço da página:

Links no texto: