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Frio em campo e 'calculista' fora, Vanderlei conduz Santos a boa fase

Fred Casagrande/FramePhoto/Folhapress
O goleiro Vanderlei, do Santos, vibra após defender pênalti na partida contra o Palmeiras, na Vila Belmiro; time fará final com Audax
O goleiro Vanderlei, do Santos, vibra após defender pênalti na partida contra o Palmeiras

Vanderlei não é o tipo que gosta de aparecer. O titular absoluto do gol do Santos evita as defesas espalhafatosas dentro de campo e é, confesso, pouco adepto aos microfones fora dele.

Mas a eficiência do goleiro de 32 anos é notória no novo bom momento vivido pela equipe do técnico Dorival Júnior, que busca neste sábado (18), contra o Atlético-PR, em Curitiba, a sua quarta vitória consecutiva no Campeonato Brasileiro.

"O momento não é meu, é de todos. Estamos nos ajeitando para buscar a Libertadores e, quem sabe, até o título", diz à Folha.

O paranaense de Porecatu, quase 700 quilômetros da capital Curitiba, não tomou um gol sequer na série que alavancou o Santos novamente, mas tem sido bem mais do que isso na temporada.

É constantemente elogiado publicamente por companheiros e o pelo próprio Dorival por uma segurança passada jogo após jogo. Tudo trabalhando em silêncio.

Detalhista em procurar melhorias, recebe ao fim de cada partida as estatísticas do preparador de goleiros Arzul sobre o que errou, em quais fundamentos pode melhorar, e as leva a sério.

Desde a chegada ao clube em janeiro do último ano, melhorou as suas reposições aconselhado pela comissão técnica junto com o analista de desempenho, Lucas Matheus, e hoje é quem mais acerta lançamentos na equipe no Brasileiro: 35%, segundo o Footstats.

Ivan Storti/Santos FC
Santos Futebol ClubeVanderleiFoto: Ivan Storti/Santos FCgoleiro Vanderlei, jogador do Santos
Vanderlei faz treino no CT do Santos

"O bom é que a nossa comissão trabalha muito com números, não é só falando. Os passes melhoraram, o nosso time melhorou muito", explica.

A boa fase, definitivamente, não é um acaso. Antes dos jogos, costuma analisar as características de finalizações dos adversários e estuda batedores de pênaltis. Só abdicou da prática na recente decisão por pênaltis contra o Palmeiras, na semifinal do Paulista, justamente quando saiu como herói.

Mas conquistar essa condição não foi fácil. Há quase um ano, Vanderlei ainda se recuperava do que chama da lesão mais difícil da carreira quando em um jogo contra a Ponte Preta, em 26 de março, sofreu múltiplas fraturas na face após uma dividida com o atacante Rildo, hoje no Corinthians. "Fiquei dois meses só tomando sopa", conta.

As credenciais atuais o levam a sonhar com seleção brasileira. Lobby em próprio favor ou mudar as características para isso, no entanto, estão fora de cogitação.

"Todo jogador de time grande que briga por títulos e faz um bom trabalho tem, sim, que acreditar. Sonhar, eu sonho, lógico, mas o principal é o clube. Esse é o meu jeito mesmo, mais contido, não vou mudar".

O sonho, curiosamente, passa pelas mãos e Dorival, treinador que ele diz ter mudado o rumo de sua carreira pela primeira oportunidade como titular em um grande clube. "Ele me botou para jogar no Coritiba, em 2008. O Edson Bastos machucou, mas, mesmo com a volta dele, me bancou", lembra.

Agora, novamente com a ajuda do chefe, Vanderlei sonha ir além. Trilhar o mesmo caminho de Gabriel, Ricardo Oliveira e Lucas Lima na seleção.

ATLÉTICO-PR
Weverton; Léo, Wanderson, Thiago Heleno e Sicley; Otávio, Deivid e Pablo; Marcos Guilherme (Nikão), Ewandro e André Lima (Walter). Téc: Paulo Autuori.

SANTOS:
Vanderlei; Victor Ferraz, Luiz Felipe, Yuri (Alison) e Zeca; Thiago Maia, Renato, Vitor Bueno e Léo Cittadini; Gabriel e Joel. Téc: Dorival Júnior.

Estádio: Arena da Baixada/ Árbitro: Anderson Daronco / TV: 18h, Sportv 2


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