Folha de S. Paulo


Favorito para o lugar de Dunga, Tite pediu a renúncia de Del Nero em 2015

O técnico do Corinthians, Tite, que deve aceitar convite para assumir o comando da seleção brasileira, assinou um manifesto onde pedia a renúncia de Marco Polo Del Nero da presidência da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) em dezembro de 2015.

O manifesto contou com o apoio de mais de cem personalidades, incluindo técnicos, atletas, ex-atletas, artistas e jornalistas. Além de Tite, os técnicos Zico, Dorival Junior e Paulo Autuori e os ex-jogadores Pelé, Rogério Ceni e Alex também assinaram o documento batizado de "Manifesto por uma nova CBF".

"Exigimos a renúncia definitiva de Marco Polo Del Nero e sua diretoria, seguida da convocação de eleições livres e democráticas para o comando da CBF, sem a atual cláusula de barreira, mecanismo que impede a aparição de posições independentes ao sistema vigente, pois exige oito assinaturas de federações e mais cinco de clubes para candidaturas", dizia trecho do manifesto.

O movimento foi organizado por jogadores que integram o Bom Senso FC, como Paulo André, e a ONG Atletas, que tem a ex-jogadora de vôlei Ana Moser e o ex-são-paulino Raí como diretores.

Nesta terça-feira (14), após resultados negativos, o treinador Dunga foi demitido da seleção brasileira, e Tite já indicou aos dirigentes da CBF que aceitará convite para assumir o cargo.

Procurado por um intermediário da CBF, o técnico afirmou que assumir a seleção é seu sonho de vida na carreira.

Em outras ocasiões, no entanto, Tite já disse não para intermediários da CBF. O ex-presidente e então vice da atual gestão, José Maria Marin, já havia sido preso na Suíça, em operação da polícia local com o FBI, acusado de receber e pedir propina em negócios envolvendo futebol.

Nesta terça, Tite treinou o Corinthians normalmente no CT do clube, na zona leste de São Paulo.

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Leia a íntegra do manifesto assinado por Tite em dezembro de 2015:

Manifesto por uma nova CBF

Brasil, dezembro de 2015

A Confederação Brasileira de Futebol vive a maior crise de sua história.

Seus últimos três presidentes são réus em investigação policial internacional por fraude na CBF e na FIFA. José Maria Marin está preso desde maio, Ricardo Teixeira e Marco Polo Del Nero estão indiciados pela Justiça dos EUA desde o dia 3 de dezembro.

Compreendemos que a sucessão determinada por um estatuto viciado, que foi arquitetado e aperfeiçoado para a manutenção do poder nas mãos dessa mesma linhagem, é ilegítima e imoral.

Exigimos a renúncia definitiva de Marco Polo Del Nero e sua diretoria, seguida da convocação de eleições livres e democráticas para o comando da CBF, sem a atual cláusula de barreira, mecanismo que impede a aparição de posições independentes ao sistema vigente, pois exige oito assinaturas de federações e mais cinco de clubes para candidaturas.

A crise de corrupção é a face mais visível de um profundo problema estrutural, que travou o desenvolvimento do futebol brasileiro em todas as suas dimensões.

Conclamamos a Procuradoria Geral da República, a Polícia Federal e a Receita Federal a não deixar impunes quem corrompeu ou quer continuar a corromper o futebol pentacampeão mundial.

Aos clubes e federações, pedimos que se paute e vote a alteração de pontos estatutários necessários para a democratização e desenvolvimento de nossa maior paixão, inexorável e sem volta.

De nossa parte, signatários deste manifesto, acreditamos que, caso as mudanças sejam iniciadas, os novos mandatários da CBF, juntamente com os muitos personagens capacitados e honrados da comunidade do futebol saberão criar as condições para a reconstrução da credibilidade, confiança e retomada do protagonismo esportivo do futebol brasileiro, de seus jogadores, da alegria do jogo e, principalmente, dos torcedores.


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