Folha de S. Paulo


Chefe da arbitragem diz que não houve interferência externa em Brasil e Peru

Presidente da comissão de arbitragem da Copa América, o ex-árbitro brasileiro Wilson Seneme afirma que os árbitros não fizeram contato com ninguém durante a tomada de decisão sobre o gol que deu a vitória por 1 a 0 do Peru sobre o Brasil neste domingo (12). O gol, marcado com o braço, foi validado irregularmente após conferência de alguns minutos da equipe da arbitragem. O resultado fez com que a seleção brasileira fosse eliminada na primeira fase do torneio, o que não acontecia desde 1987.

"Garanto que não houve comunicação nenhuma dos árbitros com qualquer pessoa de fora. Os rádios são codificados, então nem seria possível. A instrução que passamos a eles é a de que eles tomem o tempo que acharem necessário para tomar a decisão, já que, depois de tomada, ela não poderá ser alterada. Eles demoraram nas conversas porque estavam buscando elementos para a tomada final de decisão, especialmente depois da contestação acintosa dos jogadores, do [goleiro] Alisson", explica Seneme.

"Os cinco elementos da arbitragem não estavam em campo, então a comunicação de rádio foi feita entre eles, e somente eles. Mas vamos reforçar ao árbitro para que em situações muito extremas eles façam contato diretamente entre si", continua.

Lance do gol do Peru contra o Brasil

De toda forma, Seneme reconhece que o árbitro errou e diz à Folha que o árbitro uruguaio Andres Cunha não deve mais ser escalado na competição.

"Foi uma jogada extremamente difícil, muito rápida, mas o toque de mão existe e o lance foi ilegal. Vamos conversar com ele [Cunha], mas torna-se muito difícil que ele volte a atuar nesta Copa América. A ideia é preservá-lo e, principalmente, preservar o torneio."

Por fim, ele defende a aprovação do uso da tecnologia por parte da Fifa, para que a possibilidade de erros desse tipo seja dirimida.

"Trabalhei como árbitro por 20 anos e vi o quanto o futebol ficou mais rápido. Esperamos, então, que a Fifa aprove o sistema de vídeo, para que o árbitro não precise sofrer tanta pressão por lances como esses", conclui.

Robson Ventura - 6.mai.2012/Folhapress
O ex-árbitro Wilson Luiz Seneme em ação em 2012
O ex-árbitro Wilson Luiz Seneme em ação em 2012

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