Folha de S. Paulo


Entre os técnicos brasileiros na China, apenas Felipão escapa do fracasso

Rob Griffith/Associated Press
Shandong Luneng Taishan FC's coach Mano Menezes pumps his fist after they scored against Sydney FC during their AFC Champions League soccer match in Sydney, Australia, Wednesday, May 25, 2016. (AP Photo/Rob Griffith) ORG XMIT: XRG104
Mano Menezes chegou ao Shandong Luneng muito valorizado, mas durou pouco no clube chinês

A China se transformou nos últimos tempos em um mercado muito tentador para os treinadores brasileiros, e alguns dos mais badalados deles foram à Ásia atrás de salários gordos e tranquilidade para trabalhar. A primeira parte eles encontraram, mas a segunda não.

Nesta semana, Vanderlei Luxemburgo e Mano Menezes, dois técnicos com passagem pela seleção brasileira, foram demitidos por seus clubes, o que mostra que, em matéria de impaciência, os dirigentes chineses se parecem muito com seus colegas brasileiros.

Além de Luxemburgo e Mano, Cuca também chegou à China cheio de badalação e deixou o país em baixa. Da leva de técnicos brasileiros que "invadiu" a China, apenas Luiz Felipe Scolari deu certo por lá. Não por acaso, ele agora é o único treinador do Brasil no país asiático.

Mano Menezes durou apenas seis meses no comando do Shandong Luneng, da Superliga chinesa (a primeira divisão do país). E o motivo de sua saída foi claro: ele obteve um aproveitamento de apenas 44,4% dos pontos disputados (sete vitórias, sete empates e sete derrotas) enquanto esteve no clube e, no momento, o time ocupa a penúltima colocação do campeonato, após 11 rodadas. Na opinião dos cartolas da equipe, muito pouco para quem recebia o equivalente a R$ 2 milhões por mês.

Luxemburgo, por sua vez, fez um papel ainda pior porque o seu fracasso ocorreu na segunda divisão da China. Ele chegou ao Tianjin Quanjian com o ambicioso projeto de levar o clube à elite e transformá-lo em uma das potências do país, mas as coisas estavam andando devagar demais para o gosto dos dirigentes.

Mesmo montando uma comissão técnica numerosa e contando com jogadores caros como Jadson, Luis Fabiano e Geuvânio, coisa pouco comum na segunda divisão, o técnico não conseguia fazer o Tianjin Quanjian engrenar. Com o time apenas na oitava colocação, 11 pontos atrás do líder, o clube decidiu que era hora de encerrar o projeto de Luxemburgo.

Uma coincidência une os fiascos de Mano e Luxemburgo: assim como o gaúcho, o carioca também teve em sua passagem aproveitamento de 44,4% dos pontos (quatro vitórias, quatro empates e quatro derrotas).

Embora tenha durado mais tempo na China do que os colegas (ficou um ano à frente do Shandong Luneng, que contratou Mano para substituí-lo) e até ganho o título da Copa da China, Cuca também não deixou boa imagem no país. Os resultados em seus últimos meses foram ficando cada vez piores e ele teve diversos atritos com os cartolas do clube, que decidiram não renovar seu contrato.

Dos treinadores brasileiros no país mais populoso do mundo, só mesmo Felipão se deu bem. Muito bem, aliás. Há um ano no comando do Guangzhou Evergrande, o gaúcho já ganhou a Superliga e a Copa dos Campeões da Ásia, o que classificou o time para o Mundial de Clubes do ano passado. Atualmente, o time lidera o campeonato nacional com cinco pontos de vantagem para o vice-líder e é o favorito absoluto a conquistar o bicampeonato.


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