Folha de S. Paulo


Promotoria espanhola pede que Neymar seja julgado por corrupção

A Promotoria da Audiência Nacional da Espanha, jurisdição responsável pelos grandes casos econômicos, pediu nesta terça-feira (7) que o atacante Neymar e o seu pai, Neymar da Silva Santos, sejam processados por supostamente terem ocultado o preço real de sua transferência para o Barcelona, em 2013, ao fundo DIS, que possuía 40% dos direitos esportivos do atleta.

De acordo com fontes judiciais, os dois foram acusados de "corrupção entre particulares" ao lado do presidente do Barcelona na época, Sandro Rosell, e do próprio clube, abalado desde 2014 por várias investigações a respeito da contratação do brasileiro.

O Ministério Público acusa de "delito de fraude imprópria" o Barcelona e Rosell, assim como o Santos, clube de origem de Neymar, e seu ex-presidente Odilio Rodrigues. Também inclui a mãe do jogador, Nadine Gonçalves da Silva Santos, como partícipe a título lucrativo.

O fundo de investimentos DIS acusou o atacante e seu pai depois que a Justiça espanhola revelou que a operação chegou a 83,3 milhões de euros, em vez dos 57,1 milhões anunciados inicialmente.

A empresa entende que deveria ter recebido 40% dos contratos anexos assinados entre Santos e Barcelona, destinados, segundo suspeita a Justiça espanhola, a camuflar o custo da transferência.

Além disso, a DIS também acusa Neymar e o Barça de prejuízo ao livre mercado após a assinatura de um contrato de exclusividade por 40 milhões de euros para evitar que o jogador negociasse com outros clubes.

O atacante e seu pai prestaram depoimento em fevereiro ao juiz de instrução do caso em Madri. As declarações de Neymar não foram divulgadas, mas seu pai o desvinculou dos contratos assinados durante a transferência para o time espanhol.

A contratação de Neymar se tornou um problema judicial para o Barcelona, investigado em outro caso por fraude ao fisco ao ocultar o valor da operação, e para o próprio jogador, acusado de sonegação de impostos e falsificação de documentos no Brasil.

Em 2015, a Justiça brasileira bloqueou 47,3 milhões de dólares em bens do jogador e de seu grupo empresarial para pagamento de impostos e multas. Na Espanha, o caso judicial também pode terminar em uma compensação milionária para o grupo DIS e, inclusive, a Promotoria pede penas de prisão de entre seis meses e dois anos para o astro e seu pai.

Os escândalos representam um dos motivos do atraso na renovação do contrato de Neymar com o Barcelona, que termina em 2018 e que o clube catalão deseja ampliar há vários meses.

"Estamos sofrendo uma insegurança tributária muito grande que afeta o planejamento da carreira [de Neymar]. Precisamos que estes assuntos terminem", admitiu o pai do camisa 10 da seleção brasileira em uma entrevista no fim de 2015 ao jornal catalão "Sport".

A acusação foi divulgada poucos dias depois do companheiro de Neymar no Barça, o craque argentino Lionel Messi, ter sido julgado na capital catalã por uma suposta fraude de 4,16 milhões de euros, relativos a direitos de imagem, ao fisco espanhol por meio de empresas offshore.


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