Folha de S. Paulo


Seleção bate recorde de jogadores cortados em torneios oficiais

Luiz Gustavo pediu dispensa da seleção brasileira nesta quinta-feira (2) e se tornou o sexto atleta cortado para a disputa da Copa América Centenário, nos Estados Unidos.

Walace, 21, do Grêmio, foi chamado para o lugar do volante do Wolfsburg, que alegou problemas particulares para não participar da competição.

Antes, o técnico Dunga havia perdido, por lesão, Ricardo Oliveira, Douglas Costa, Rafinha, Ederson e Kaká, que chegara para substituir Douglas –Jonas, Lucas Moura, Marcelo Grohe e Paulo Henrique Ganso foram chamados.

O número de baixas é o maior de uma seleção brasileira em torneios oficiais, levando em conta as três principais competições entre países disputadas atualmente, as Copas do Mundo, das Confederações e América (esta desde 1987, quando o formato atual, com sede única e convocações fixas, passou a ser usado).

Na Copa América de 1989, seis jogadores convocados por Sebastião Lazaroni não disputaram o torneio, mas isso porque o número de inscritos por equipe só foi decidido na véspera do início do torneio, quando o técnico descobriu que havia chamado atletas em excesso.

Em Mundiais, o Brasil tem jogadores cortados desde a Copa de 1970, no México, quando Rogério, atacante do Botafogo, foi desconvocado por lesão muscular.

Desde então, o maior número de perdas na competição aconteceu em 1986, também no México, e em 1998, na França, com três ausências cada, metade do que Dunga perdeu agora para o torneio em solo americano.

Em 1986, um dos cortes foi o de Leandro, em solidariedade ao amigo Renato Gaúcho, que havia sido excluído por Telê Santana da convocação por indisciplina.

Na Copa das Confederações, o recorde é de quatro atletas desconvocados: em 2001, no Japão e na Coreia do Sul, o técnico Emerson Leão perdeu o lateral-esquerdo César, o meia Zé Roberto e os atacantes Élber e Sonny Anderson.

Na segunda passagem de Dunga como técnico da seleção, ele teve de desconvocar atletas nas dez listas que fez até agora, entre amistosos, eliminatórias e Copa América. No torneio continental do Chile, em 2015, ele teve quatro baixas: o goleiro Diego Alves, o volante Luiz Gustavo e os laterais Marcelo e Danilo.

MÚSCULOS

Dos cinco cortados por lesão, um nem se apresentou: Ricardo Oliveira. Ele ligou para a comissão técnica e avisou que uma dor no joelho o impediria de viajar.

Os outros quatro, todos com problemas musculares, apresentaram-se ao técnico em Los Angeles, mas dois deles já machucados: Douglas Costa e Rafinha.

A Folha apurou que alguns atletas, mesmo com dores, tinham receio de não viajar por medo de que Dunga interpretasse a atitude como má vontade com a seleção. Hulk, que está no grupo da Copa América, e Marcelo, que ficou fora, já tiveram esse problema com o técnico.

"Nem dá tempo de fazer um trabalho preventivo com esses atletas que se apresentaram machucados. A questão é que os atletas que atuam na Europa estão em fim de temporada. Eles não estavam machucados nos últimos jogos por seus clubes, sentiram dores musculares, e nem todas as dores são lesões. É preciso dar 48, 72 horas para uma análise, por isso eles se apresentaram", explicou o médico da seleção, Rodrigo Lasmar.

Como é fim de temporada na Europa, o risco de problemas musculares com esses atletas aumenta, segundo Lasmar.

"Houve jogadores que jogaram 120 minutos em partidas decisivas. É desgastante. Temos acompanhamento, informes dos clubes, mas as lesões acabam acontecendo. Aqui na seleção temos de fazer uma manutenção."

Kaká e Ederson sentiram dores musculares em treinamentos com a seleção. O zagueiro e capitão Miranda, que também sentia dores, foi submetido a exame nesta quinta e vai permanecer no grupo.


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