Folha de S. Paulo


Brasileiro admite nos EUA ter pago propina para cartolas da Conmebol

Reprodução
José Margulies, que chegou a ser procurado pela Interpol
José Margulies, que chegou a ser procurado pela Interpol

Em depoimento à Justiça dos EUA, o argentino naturalizado brasileiro José Lázaro Margulies, 66, admitiu ter pago propina para cartolas da Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) para obter direitos de transmissão da Taça Libertadores da América e da Copa América.

De acordo com o depoimento, tornado público nesta segunda-feira (18), Margulies admitiu que subornou cartolas da Conmebol a mando da Traffic por ordem de J. Hawilla, que também já admitira pagamentos irregulares, entre 1991 e 2007. Ele disse ainda que subornou também cartolas a mando da empresa argentina Torneos e Competencias entre 2000 e 2015.

"Eu deduzi que vários desses pagamentos em nome da T & T eram para dirigentes de futebol", contou Margulies, que tinha três empresas atuando no esquema.

Em dezembro, Margulies fez um acordo com a Justiça dos EUA e aceitou devolver US$ 9,2 milhões, cerca de R$ 35 milhões.

Em maio de 2015, logo após o estouro do maior caso de corrupção do futebol mundial, Margulies afirmou que não temia ser preso e que assistiria à final da Liga dos Campeões.

Além do brasileiro, Alejandro Buzarco, 66, empresário argentino que foi ex-diretor geral e presidente da Torneos y Competencias SA (empresa de marketing esportivo), disse que começou a subornar cartolas em 2005.

"Presidentes de federações nacionais concordaram em aprovar contratos da Libertadores, Copa Sul-Americana e Recopa, desde que eles recebessem antecipadamente propinas ou subornos em troca de sua lealdade", afirmou Buzarco.

A sentença de Margulies e Buzarco deve sair no dia 24 de junho.

A Justiça dos EUA também tornou público o depoimento de Jeffrey Webb, ex-presidente da Concacaf (Confederação da América Central, do Norte e Caribe), que confessou ter recebido propina por torneios como a Copa America Centenário, Copa Ouro e até das eliminatórias da Copa do Mundo de 2018 e 2022.

"Abusei minha posição para enriquecer-me, pessoalmente, através de várias maneiras", disse Webb, que foi preso na Suíça em 27 de maio e foi o primeiro extraditado para os EUA em 15 de julho. Atualmente, ele está libertado sob fiança US$ 20 milhões (R$ 40 milhões) e concordou em devolver US$ 7 milhões. Sua sentença será anunciada em 3 de Junho.


Endereço da página:

Links no texto: