Folha de S. Paulo


Decisões do Campeonato Paulista têm técnico psicólogo e até jornalista

Robson Ventura/Folhapress
Maurício Barbieri durante jogo entre Corinthians x Red Bull
O técnico do Red Bull, Maurício Barbieri, formado em esporte pela USP

Formações acadêmicas diferentes, mas o mesmo objetivo: surpreender e eliminar as quatro equipes consideradas grandes nas quartas de final do Campeonato Paulista. É esse o pensamento dos técnicos Maurício Barbieri, do Red Bull, Fernando Diniz, do Audax, Sérgio Soares, do São Bernardo, e Paulo Roberto Santos, do São Bento.

Com apenas 34 anos, Barbieri é o treinador mais novo da fase final e terá a segunda chance para chegar à semifinal do Estadual. No ano passado, com o mesmo Red Bull, foi eliminado pelo São Paulo nas quartas de final. Desta vez, o rival será o Corinthians, neste sábado (16), às 16h20, em Itaquera.

Formado em esporte pela USP, o treinador não chegou a ser jogador profissional. Trocou o sonho de atuar dentro das quatro linhas pelos estudos assim que foi aprovado no vestibular.

"Não foi uma imposição familiar. O estudo sempre foi a minha prioridade", disse Maurício Barbieri, que é filho de professora da Universidade de São Paulo.

Logo após concluir a faculdade, fez curso na Universidade do Porto, em Portugal, onde morou por oito meses e estagiou no Porto. No Brasil, dirigiu o Audax Rio e, desde 2013, comanda a equipe de Campinas.

"Sou um pouco metódico e gosto de estudar muito meu adversário. Não sou de ficar berrando e gritando durante os jogos. Procuro orientar e também troco informações com os jogadores. Isso facilita o trabalho".

Vice-líder do Grupo D na primeira fase, o Red Bull não foi derrotado pelas equipes consideradas grandes: empatou com o São Paulo e venceu Palmeiras e Santos.

REI DO ACESSO

Outro time que está invicto contra as potências do Estado é o São Bento. Comandado por Paulo Roberto, 53, formado em jornalismo, o time de Sorocaba empatou com Corinthians e Palmeiras, e venceu o São Paulo. O adversário agora será o Santos, também no sábado, às 18h30, na Vila Belmiro.

Com seis acessos acumulados por equipes do interior do Estado, Paulo Roberto Santos dirigirá pela primeira vez um time nas quartas de final do torneio. No comando do time sorocabano nos Campeonatos Paulistas desde 2014, conseguiu subir da Série A2 e, no ano passado, já teve desempenho satisfatório para as pretensões do clube que objetivava não cair. Neste ano tornou-se o adversário mais complicado do interior.

"O nosso ponto forte é a obediência tática. É uma equipe que cumpre a risca o que se trabalha durante a semana. Todos têm a humildade de participar da marcação. Temos jogadores experientes e isso é importante porque a bola não queima no pé", disse.

Neste ano, o treinador passou por um susto, mas não dentro das quatro linhas. Um dia após a vitória sobre o Novorizontino em fevereiro, foi diagnosticado com arritmia cardíaca e ficou dois dias internado para fazer exames. Os resultados foram positivos, mas Paulo Roberto teve que assistir a partida seguinte pela TV, em casa.

Sem o técnico na beira do gramado, uma vitória. O treinador acredita que isso motivou a equipe e o atacante Edno, um dos destaques do time nesta temporada confirma.

"Ele teve um problema no coração, uma arritmia, e ficou internado no hospital. A gente ganhou aquele jogo [contra o São Bernardo] por 3 a 0. Torcemos pela recuperação dele e ele voltou. Graças a deus não aconteceu nada e ele voltou com mais força ainda. Ele nos ajudou porque teve muito do dedo dele [naquela vitória]."

PSICOLOGIA

Robson Ventura/Folhapress
Fernando Diniz orienta jogadores durante treino
Fernando Diniz orienta jogadores durante treino

Conhecido pelo estilo de jogo ousado, Fernando Diniz foi o único dos quatro treinadores dos times pequenos que chegaram às quartas de final a terminar a fase de grupos na primeira colocação.

No comando do Audax, terminou dois pontos à frente do São Paulo no Grupo D, e vai ter a chance de decidir a classificação em casa, neste domingo, às 18h30.

Com um time bastante ofensivo, sua formação como psicólogo o ajuda na profissão que decidiu seguir. O treinador é sempre enfático ao explicar que um dos problemas do futebol é a pouca importância dada ao que acontece fora de campo com os jogadores.

Isso não implica que Diniz passe a mão na cabeça de seus jogadores. Neste ano, depois de discussão com o meia Rodrigo Andrade, suspendeu o jogador, que acabou pedindo demissão.

CHEGOU TARDE

Dos quatro times considerados pequenos nas quartas de final, o São Bernardo foi o único que trocou de treinador. Ameaçado pelo rebaixamento, o time demitiu Roberto Fonseca e contratou Sérgio Soares, 49, que obteve cinco vitórias em nove jogos e conduziu a equipe à classificação.

Com formação em educação física, o treinador perdeu apenas duas partidas até agora. Com essa campanha, conseguiu a vaga na última rodada ao bater o Água Santa fora de casa.

"Tínhamos uma característica um pouco mais defensiva. Com a minha chegada, mudamos a forma de jogar e a vitória sobre o São Paulo no Pacaembu trouxe confiança ao time".

Além da formação na área do esporte, Sérgio Soares foi jogador de futebol e vestiu a camisa do Palmeiras, rival de segunda-feira. Na quinta, ele esteve no Allianz Parque, onde assistiu a vitória do clube alviverde sobre o River Plate (URU), pela Libertadores.

"Gosto de observar e analisar o comportamento da equipe. Onde fica a linha defensiva quando o time ataca, onde fica a linha ofensiva quando a equipe é atacada. Essas observações são mais fáceis do campo", afirmou Soares.


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