Folha de S. Paulo


'Ou as organizadas nos auxiliam, ou elas vão acabar', diz secretário

O secretário estadual da Segurança Pública, Alexandre de Moraes, falou em tom de ultimato às torcidas organizadas nesta sexta-feira (15), em entrevista sobre a operação da Polícia Civil denominada Cartão Vermelho, realizada durante a madrugada.

"Ou as organizadas escolhem o lado da lei e da ordem e nos auxiliam, de verdade, a expulsar os torcedores criminosos e prendê-los com provas, ou elas vão optar por estar ao lado dos criminosos e vão acabar", afirmou.

A operação emitiu 69 mandados em sete cidades de São Paulo e em Uberaba (MG). Foram 32 mandados de busca e apreensão e 37 de prisão –dez temporárias e 27 preventivas.

A operação segue em andamento, e 26 mandados de prisão já foram cumpridos.

Foram realizadas buscas em quatro sedes de torcidas organizadas: duas do Palmeiras –Mancha Alviverde e Mancha Alviverde Baixada, na Praia Grande– e duas do Corinthians –Gaviões da Fiel e Pavilhão 9.

A operação também contou com a presença dos bombeiros, que lacraram a sede da Pavilhão 9 por não atender requisitos de segurança. Segundo Moraes, o mesmo deve ocorrer com a Gaviões da Fiel.

O secretário também disse que a operação apreendeu vários celulares, e que já foram encontradas conversas que provam a participação de alguns indivíduos nos confrontos entre torcedores corintianos e palmeirenses no dia 3 de abril, quando as equipe se enfrentaram pelo Campeonato Paulista.

"Encontramos conversas entre torcedores, um preocupado com o outro, com as imagens da televisão. Em outra conversa se vangloriando, dizendo que chutou um, que bateu no outro. Tem muito material", disse Moraes.

A Secretaria da Fazenda também participou da operação. Segundo o secretário, o órgão fará um "pente fino" nas contas das organizadas.

Moraes afirmou que a operação desta sexta é uma continuidade das medidas tomadas no dia 4 de abril, em que se proibiu a entrada nos estádios de torcedores com identificação de organizadas, como faixas, tambores, e roupas; se instituiu que os clássicos no Estado de São Paulo serão realizados com torcida única até o final do ano; e obrigou os clubes a venderem ingresso apenas online, para evitar o repasse a torcidas organizadas.

OUTRO LADO

Procurados pela reportagem para comentarem a ação da Polícia Civil nesta sexta-feira, advogados das torcidas organizadas dizem não terem concordado com a operação.

"Eu trabalho há décadas e sei de uma coisa. Não existe coincidência. Não existe. É claro que se trata de uma ação política", disse Davi Gebara, que representa a Gaviões da Fiel.

A Pavilhão 9, outra corintiana, também vê da mesma forma.

Ele tenta conseguir libertar os torcedores da uniformizada com um pedido de habeas corpus, que ainda não teve nenhum resultado.

"A gente está à disposição da Justiça para todos os esclarecimentos que forem necessários e apuração dos fatos", afirmou Luiz Ferretti, advogado da Mancha.

"Os motivos da prisão são ilegais. Vamos pedir revogação. O fato de estarem em imagens não quer dizer que tenham cometido crime", afirmou Daniel Antônio de Souza, também advogado da uniformizada palmeirense.


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