Folha de S. Paulo


Roland Garros terá classificatória juvenil no Brasil

Divulgação/Roland-Garros
O brasileiro Gabriel Decamps, vencedor do Rendez-Vouz de 2015, durante jogo em Roland Garros
O brasileiro Gabriel Decamps, vencedor do Rendez-Vouz de 2015, durante jogo em Roland Garros

Roland-Garros é uma festa. E cada vez mais internacional. Com ações de marketing e eventos classificatórios em cinco países, um dos quatro torneios mais importantes do tênis busca levar o saibro parisiense para outras quadras espalhadas pelo mundo e descobrir novos talentos.

O Brasil é figura chave para os planos de expansão do Grand Slam francês. De 7 a 10 de abril, o clube de campo São Paulo, na zona sul, recebe a segunda edição do Rendez-Vous à Roland-Garros, competição juvenil que classifica os campeões masculino e feminino para uma chave com os vencedores das edições de Japão, China, Coreia do Sul e Índia.

Os classificados dos cinco países, além do vice-campeão mais bem colocado no ranking da ITF (Federação Internacional de Tênis, na sigla em inglês), disputam em Paris uma vaga na chave principal do torneio juvenil. No ano passado, entre os homens, ela ficou com o paulista Gabriel Decamps, 16 –a carioca Maria Clara Silva, 18, que venceu na capital paulista, acabou superada na França.

Os motivos da escolha pelo Brasil em meio aos países asiáticos, segundo o diretor de desenvolvimento de Roland-Garros, Sam Primaut, são variados. Vão da relação pessoal e profissional entre os aviadores Santos Dumont e o francês que dá nome ao torneio ao histórico de Gustavo Kuerten, tricampeão no saibro mais famoso do mundo.

Revelar alguém como Guga, reconhece Primaut, é tarefa das mais difíceis. "Mas tenho confiança que o Brasil vai produzir novos talentos no futuro. A cultura do saibro, em comparação com os países da Ásia, é muito forte no Brasil. Se você joga bem no saibro pode jogar bem em qualquer superfície, e o contrário não é verdadeiro", disse à Folha.

Uma parceria entre Roland-Garros e a Confederação Brasileira de Tênis permite aos tenistas juvenis do país treinar nas quadras do complexo. Quem não tem a oportunidade de chegar lá pode sentir um pouco do clima do Slam durante o Rendez-Vous.

A ideia é que o classificatório simule ao máximo as condições do major francês. Na edição do ano passado, funcionários não descansaram enquanto a lona que cobria as quadras não estivesse totalmente esticada e sem rugas.

Durante o período do torneio em São Paulo, os troféus erguido pelos profissionais em Roland-Garros estará exposto em alguns pontos da cidade (veja abaixo). Um representante da federação francesa vem ao Brasil para, com luvas, poder manipular a taça, que só pode ser tocada por campeões.

Divulgação/Roland-Garros
Gabriel Decamps (esq.) e Maria Clara Silva (2ª à dir.), vencedores do Rendez-Vous de 2015
Gabriel Decamps (esq.) e Maria Clara Silva (2ª à dir.), vencedores do Rendez-Vous de 2015

REVELAÇÕES

Sam Primaut mostra conhecimento sobre o cenário do tênis brasileiro. Ele elogia Thiago Monteiro, 21, atual número 204 do ranking, que em fevereiro, no Aberto do Rio, surpreendeu o mundo ao derrotar o francês Jo-Wilfried Tsonga (9º). Cita também Orlando Luz, 18, ex-líder do ranking juvenil que agora encaminha sua transição para o profissional.

"Vamos ficar de olho nesses bons jogadores e seguir os resultados deles. Eu acho que, no futuro, eles podem ser grandes embaixadores para o tênis e para o saibro no Brasil se continuarem melhorando, e eu tenho certeza que vão", afirmou Primaut.

A realidade brasileira, com apenas um tenista no top 100 do ranking da ATP, contrasta com a francesa. Os europeus têm dez atletas entre os 100 melhores do mundo, e quatro no top 20.

Para Primaut, o trabalho de recrutamento de jovens com potencial feito pela federação do seu país e o fato de eles treinarem e morarem juntos no complexo de Roland-Garros faz a diferença na formação dos tenistas. Falta, porém, alguém que ocupe a liderança do ranking, feito que seria inédito para o tênis masculino francês.

"Estamos colocando todos os nossos esforços para ajudar os jogadores, mas se tornar o melhor do mundo requer muito mais coisas difíceis de identificar. Se soubéssemos como colocar um jogador no número 1, nós faríamos isso. Eu gostaria que tivéssemos uma solução mágica", disse.

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EXPOSIÇÃO DO TROFÉU EM SP

08.abr - Shopping Cidade São Paulo/ Avenida Paulista - das 10h às 22h
09.abr - Parque do Ibirapuera (próximo ao portão 8) - das 10h às 18h
10.abr - Arena Corinthians - das 14h às 19h30


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