Folha de S. Paulo


depoimento

Sou Fla em SP: Flamenguista na zona leste, me acostumei a ser minoria

- Você nasceu no Rio?

- Não.

- O seu pai é carioca?

- Também não.

- Por que o Flamengo?

Pela vida toda, me habituei a responder a curiosos em saber por que um paulistano escolheu um time do Rio.

Faz sentido: estamos em São Paulo e aqui, muito pela rivalidade fomentada anos a fio, (quase) ninguém torce para "time carioca".

Pedro Ladeira - 17.ago.2015/Folhapress
BRASILIA, DF, BRASIL, 17-09-2015, 21h00: Torcida lota o estádio pro jogo entre Flamengo X Coritiba, pela 26ª rodada do Campeonato Brasileiro, no estádio Mané Garrincha em Brasília. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress, ESPORTE)
Torcida do Flamengo no estádio Mané Garrincha, em Brasília, no Brasileiro de 2015

Virei Flamengo aos sete anos, com o título brasileiro de 1987, contra o Inter, 1 a 0.

Não lembro exatamente se foram o time, as cores do uniforme, a torcida, o título, mas aquilo tudo me encantou.

Certamente não foi a opção mais confortável: nasci na zona leste de São Paulo. Meu pai é santista, minha mãe não tem time, meus tios são corintianos, tal qual a maioria dos amigos da rua à época.

Acostumei a ser minoria, o que, quando se é criança ou adolescente, nunca é bom.

Me lembro de um Flamengo e Corinthians, em 1991, em que perdemos por 1 a 0, com um golaço de falta do Neto. Nesse dia, sofri de corintianos o que só seria classificado anos depois –bullying.

Tudo conspirava contra: imagine caçar notícias de um time de outro Estado em uma era sem internet, celular e televisão a cabo?!

A sensação de pertencimento que o futebol dá, de ir ao estádio e ficar junto a quem torce para o mesmo time, só tive adulto, nos jogos no Rio –o mesmo vale para conseguir maioria no estádio.

Mas, pela primeira vez em SP, neste domingo tudo será diferente. Estaremos eu e minha filha Helena, 3 (já doutrinada), de rubro-negro. A-ha, u-hu, o Pacaembu é nosso!


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