A Fifa acionou a Justiça dos Estados Unidos para cobrar o reembolso de salários e o pagamento de indenização por dirigentes que teriam obtido dinheiro irregularmente através da entidade. Os ex-presidentes da CBF, Ricardo Teixeira e José Maria Marin, e o presidente licenciado da confederação, Marco Polo Del Nero, estão entre esses cartolas.
A Fifa cobra US$ 5,3 milhões (R$ 20,08 milhões) dos três brasileiros envolvidos nos escândalos de corrupção que "afetaram a imagem da entidade".
O pedido foi feito em recurso apresentado ao Departamento de Justiça em Nova York, que investiga o caso de corrupção na Fifa.
Além dos três brasileiros, a Fifa cita na ação outros 17 dirigentes que teriam que reembolsar a entidade (veja a lista abaixo). A federação internacional cobra ao todo US$ 28,2 milhões (R$ 106, 82 milhões).
"Durante muitos anos, os réus grosseiramente abusaram de seus cargos de confiança para enriquecimento, causando danos diretos e significativo para Fifa. O dano inclui grandes perdas financeiras [incluindo, mas não limitado a perdas de salários e / ou benefícios pagos aos réus e para os fundos que foram desviados de suas utilizações previstas para os bolsos dos réus], bem como danos à reputação da Fifa, propriedade intelectual, e relações comerciais", diz a Fifa.
No pedido, a Fifa cita a investigação das autoridades americanas que levou a prisão de mais de uma dezena de dirigentes. José Maria Marin está em prisão domiciliar nos Estados Unidos. Já Del Nero e Ricardo Teixeira foram indiciados. Os dois vivem no Brasil.
Segundo a Fifa, os brasileiros e outros dirigentes sul-americanos, como os ex-presidentes da Conmebol, Juan Ángel Napout e Eugenio Figueredo, "prejudicaram a Fifa de várias maneiras". A defesa da entidade alega que eles receberam propina para negociar contratos de publicidade e concessão de direitos de comercialização de torneios de futebol.
A Fifa cobra de Marin, que cumpre prisão domiciliar nos EUA, US$ 114,507 (R$ 433 mil), enquanto o valor cobrado de Marco Polo Del Nero, que está licenciado da CBF, é de US$ 1.673,171 (R$ 6.33 milhões). Já o valor exigido de Ricardo Teixeira, que deixou a presidência da CBF em 2012, é de US$ 3.514,025 (R$ 13,31 milhões).
VÍTIMA
Em sua argumentação para solicitar o pagamentos das indenizações, os advogados da Fifa defendem que a entidade foi vítima da ação de um grupo de dirigentes. Esses cartolas recebiam propinas para tomar decisões, como a venda de direitos de comercialização de partidas válidas pelas eliminatórias da Copa do Mundo e votos para a escolha das sedes dos Mundiais.
A federação cita declarações de autoridades dos Estados Unidos sobre o caso.
"A procurador-geral dos EUA, Loretta Lynch, reconheceu que a FIFA sofreu danos nas mãos dos réus quando ela publicamente observou que "essa corrupção essencialmente causa dór. à organização [isto é, a FIFA] em si ". Outro funcionário do Departamento de Justiça acrescentou que" certamente FIFA ", entre outros, são vítimas no caso", diz a acusação da Fifa.
Em nota, o presidente da Fifa, Gianni Infantino, defendeu a ação. Eleito no dia 26 de fevereiro, o suíço descolar a imagem da entidade aos dirigentes condenados por corrupção.
"Esse dinheiro não foi desviado apenas da Fifa, mas dos jogadores, técnicos e torcedores pelo mundo. Esse dinheiro era para ter sido usado para construir campos, não mansões e piscinas. Era para comprar uniformes, não joias e carros e dar um estilo de vida abusivo aos dirigentes", afirmou Infantino.
Além da indenização pelos desvios cometidos, a entidade defende que dirigentes que receberam salários devem devolver os valores obtidos.
"Ao privar FIFA de seus serviços honestos, os réus obtiveram injustamente dinheiro da FIFA na forma de salários, bônus, benefícios e outras compensações. Os réus não tinham direito a esses pagamentos e benefícios, porque eles não dão FIFA o valor total de seus serviços honestos em troca. FIFA tem direito à restituição para esses montantes", diz a entidade.
QUANTO A FIFA DIZ QUE DIRIGENTES DEVEM PAGAR
Ricardo Teixeira
Ex-presidente da CBF - US$ 3.514,025 (R$13,31 milhões)
Marco Polo Del Nero
Presidente licenciado da CBF - US$ 1.673,171 (R$ 6,33 milhões)
José Maria Marin
Ex-presidente da CBF - US$ 114,507 (R$ 433 mil)
Luis Bedoya
Ex-presidente da Federação Colombiana - US$ 517,843 (R$1,96 milhões)
Chuck Blazer
Ex-secretário-geral da Concacaf - US$ 5.374,148 (R$ 20,35 milhões)
Eugenio Figueredo
Ex-presidente da Conmebol - US$ 1.011,018 (R$3,83 milhões)
Alfredo Hawit
Presidente suspenso da Concacaf - US$ 230,479 (R$ 873 mil)
Nicolás Leoz
Ex-presidente da Conmebol - US$ 3.254,886 (R$ 12,33 milhões)
Eduardo Li
Ex-presidente da Federação Costarriquenha - US$ 10,750 (R$ 40 mil)
Juan Ángel Napout
Ex-presidente da Conmebol - US$ 339,693 (R$ 1,2 milhões)
Rafael Salguero
Ex-presidente da Federação Guatemalteca - US$ 5.134,98 (R$ 19,45 milhões)
Jack Warner
Ex-presidente da Concacaf - US$ 4.462,263 (R$ 16,90 milhões)
Jeffrey Webb
Ex-presidente da Concacaf - US$ 2.016,205 (R$ 7,64 milhões)
Ariel Alvarado
Ex-presidente da Federação Panamenha - US$ 33,173 (R$ 126 mil)
Manuel Burga
Ex-presidente da Federação Peruana - US$ 32,250 (R$ 122 mil)
Rafael Callejas
Ex-presidente de Honduras e da Federação Hondurenha - US$ 68,336 (R$ 258,85 mil)
Sergio Jadue
Ex-presidente da Federação Chilena - US$ 12,587 (R$ 47 mil)
Brayan Jiménez
Ex-presidente da Federação Guatemalteca - US$ 2,000 (R$ 7,6 mil)
Romer Osuna
Ex-tesoureiro da Conmebol - US$ 34,592 (R$ 131 mil)
Julio Rocha
Ex-presidente da Federação Nicaraguense - US$ 387,781 (R$ 1,5 milhões)